AVIÃO P-40 DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ENCONTRADO NO DESERTO DO SAARA 70 ANOS APÓS SEU DESAPARECIMENTO

Rostand Medeiros – Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN

Quem olhar de relance as fotos deste texto, pode até pensar que é uma grande tolice tanto material por uma aparente “sucata” no meio do nada. Mas na verdade esta é uma verdadeira cápsula do tempo na forma de um avião de caça da Segunda Guerra Mundial, descoberto em pleno deserto do Saara em março de 2012.

A descoberta foi feita por Jakub Perka, um funcionário de uma empresa de exploração de petróleo polonesa, que atuava com a sua equipe em uma expedição na região oeste do Egito. A importância deste achado se deve principalmente pela preservação dos vestígios e legibilidade dos sinais de identificação, o que permitiu encontrar a história do avião, do piloto e dos relatórios originais da queda no deserto.

O modelo da aeronave é um Curtiss P-40 Kittyhawk III, fabricado nos Estados Unidos, mas que pertencia em 1942 ao 260º Esquadrão da RAF, a Royal Air Force, como é conhecida a força aérea da Inglaterra. Há 70 anos este caça atuava no Norte da África, durante os encarniçados combates entre tropas aliadas contra alemães e italianos, por aquele pedaço esquecido do mundo.

Mas como aquele avião foi parar naquele local?

Um Estranho Voo

Em meados de 1942, as forças aliadas no Norte da África estavam em retirada ante o avanço implacável do general alemão Erwin Rommel, o famoso estrategista que ficou conhecido como a “Raposa do Deserto” e que comandava o “Afrika Korps”.

Sgt. Dennis Charles Hughmore Copping

No início da tarde do dia 28 de junho de 1942, um domingo, os Sargentos de Voo (Flight Sergeant) do 260º Esquadrão da RAF, Dennis Charles Hughmore Copping e W.L. “Shep” Sheppard tinham ordens para voar com dois P-40s que seguiriam para uma revisão. Eles partiriam da base aérea LG-100, próximo a linha de combate, até a base aérea LG-085, localizada próximo a estrada Cairo-Alexandria. Depois retornariam com dois aviões do mesmo tipo para o ponto de partida.

Dennis Copping em um P-40

Nada mais que uma simples missão de traslado. Ida e volta em 30 a 40 minutos e tudo estava terminado. Mas não foi tão simples assim!

Consta no relatório existente que Sheppard estava pilotando uma aeronave que se encontrava com as asas danificadas por causa de uma batalha aérea que havia acontecido naquela mesma manhã de 28 de junho. Para fazer o avião voar, o pessoal de terra preencheu os orifícios de balas com sacos de areia e cobriu tudo com tecido. Já o P-40 de Copping teve impactos na fuselagem com estilhaços de fogo antiaéreo e ele voaria com o trem de pouso baixado, possivelmente porque o sistema hidráulico foi danificado e não podia recolher. Copping, com muito mais experiência de voo que Sheppard, seria o líder.

Vários P-40 do 260º Esquadrão da RAF, a Royal Air Force

Na necessidade do conflito e para estarem com suas máquinas aéreas prontas para novos combates, os pilotos ingleses se arriscavam em voos com estas aeronaves em estado precário. Mas alguém tinha de cumprir este tipo de missão!

Vinte minutos após a decolagem, Sheppard percebe que algo está errado. Para sua surpresa o experiente Copping segue em direção ao oeste, entrando direto para o coração do deserto e em uma área controlada pelos inimigos, quando deveria seguir em direção leste.

No início o pensamento de Sheppard era que Copping estava tentando evitar as posições alemãs existentes nas proximidades da LG-100, já que ambos voavam com metralhadoras desativadas e não poderia se defender se fossem interceptados por combatentes inimigos.

Sheppard confere várias vezes a sua bússola e vendo que Copping não altera o curso de sua aeronave, decidiu chamar pelo rádio, quebrando o silêncio obrigatório ao voar sobre o território inimigo para escapar à detecção. Sheppard alerta seu companheiro que ele está seguindo o curso errado, mas Copping não responde. Então Sheppard, aproximou seu avião e por 15 minutos ficou acenando com as mãos, indicando que o líder estava indo na direção oposta. Naquele momento eles estavam a 35 minutos no ar e já deveriam ter chegado ao destino. Copping parecia não ter mais a mínima noção do plano de voo.

Copping diante de um Curtiss P-40

Em seu relatório posterior aos eventos, Sheppard narrou que tomou uma decisão extrema. Ele colocou seu aeroplano em frente do avião de Copping e manobrou indicando para que ele o seguisse, mas nada aconteceu. Sheppard afirmou que repetiu a mesma manobra, mas Copping novamente não alterou seu rumo e Sheppard foi forçado a deixá-lo sozinho e apontou o nariz do seu P-40 em direção leste.

Sheppard voou verificando a todo momento a sua bússola e a posição do sol, rezando para está correto. Aventurou muito perigosamente dentro do deserto do Saara e até mesmo temeu por sua vida. Finalmente visualizou a Depressão Qattara, um ponto geográfico que confirmou a sua posição, lhe permitindo localizar o rio Nilo e ir para LG-100, depois de passar quase duas horas no ar.

Um P-40 da RAF, derrubado pelos alemães na Sicília, é examinado por soldados americanos

Após o desembarque os comandantes de base perguntaram onde estava o outro P-40 e Sheppard só pode explicar o infeliz acontecimento, em seguida, foi enviado para se refrescar com um chá e seguiu para o médico. Depois de longas horas de espera, Copping não deu nenhum sinal de vida. Aquela altura seu avião já tinha esgotado todo o seu combustível e caído sobre as dunas do deserto.

Ao piloto Sheppard foi ordenado seguir o plano de voo original. Ele pegou um avião substituto e o levou ao LG-085, onde se encontrou com o Comandante Wilmot e teve que elaborar um relatório sobre o que aconteceu com seu parceiro.

Em seguida praticamente não houve nenhum esforço para resgatar Copping, cujo caso foi imediatamente esquecido em meio ao caos vivido durante a retirada diante do avanço do Afrika Korps. Se ele tivesse sobrevivido, teria ficado muito atrás das linhas inimigas e se tivesse sido encontrado por alguém, seria pelo exército alemão.

Indícios Apontam que Copping Sobreviveu ao Acidente

As razões para a pretensa desorientação do piloto inglês provavelmente jamais serão conhecidas, mas os restos do seu avião apontam que ele sobreviveu a queda. Nas fotos podemos ver que ele era um bom piloto, pois conseguiu pousar em meio a uma região com bastante rochas e não capotou o P-40.

Depois de examinar os restos do avião, que repousam na área conhecida pelos egípcios como Al Wadi al Jadid, percebe-se que o painel de instrumentos foi encontrado intacto.

Foram encontradas evidências de um acampamento perto da fuselagem, os restos de paraquedas teria sido aberto e utilizado como uma tenda improvisada e o rádio, juntamente com as baterias da aeronave foram retiradas. Provavelmente Copping tentou pedir ajuda, sem sucesso. Nas fotos o transmissor está na areia. Equipamentos e controles do avião foram encontrados espalhados em volta da nave no local do acidente.

Rádio do avião na areia

A equipe de Jakub Perka afirma que pesquisou uma área de 30 quilômetros no entorno do P-40, mas o corpo do piloto não foi localizado. Acredita-se que Copping, sabendo que não seria resgatado, tentou desesperadamente fazer uma viagem de retorno impossível, perecendo ao longo do caminho, pois estava a 320 km de qualquer vestígio de civilização.

El Alamein War Cemetery

Dennis Charles Hughmore Copping  era filho de Sydney Omer Copping e Adelaide Copping, nasceu em Southend-on-Sea, Essex, oeste da Inglaterra. Mesmo sem um corpo, seu nome está cerimoniosamente gravado no Painel 249, do El Alamein War Cemetery, localizado a 130 quilômetros de Alexandria, no Egito.

O Caça P-40 na África

Os aviões de caça P-40 ganharam destaque quando foram pilotados pelo homens do “Flying Tigers”, um famoso esquadrão de pilotos voluntários americanos que lutaram na China contra os japoneses, antes dos Estados Unidos entrarem oficialmente em guerra.

Cofre de munição .50

A única vantagem que o P-40 tinha contra os poderosos caças japoneses Zero era a sua velocidade de mergulho, mas em 1942 o avião já estava bastante defasado e começaram a ser substituídos por outros aviões de caça.

Na Europa esta aeronave estava completamente abaixo dos caças alemães Messerschmitt Me-109 e Focke-Wulf FW-190 e eram utilizados principalmente no reconhecimento e ataque ao solo. Em 1942, a RAF enviou a versão “D” para a África.

Durante os meses críticos de 1942, quando a derrota para os inimigos era evidente, um caça modelo P-40D ainda poderia com algum sucesso ser bater em um duelo contra um Messerschmitt Me-109E, isso se o combate fosse a cerca de 4.000 metros de altitude. Logo novos caças alemães chegariam ao Norte da África e o P-40 começou a sofrer duras derrotas, sendo substituído por versões do Supermarine Spitfire tropical. Já em confrontos com os italianos, que possuíam aeronaves tecnicamente mais fracas, os P-40s ainda eram um avião superior.

Segundo o Smithsonian Institution, de Washington, Estados Unidos, entre 1939 e 1944 foram fabricados 13.737 aeronaves Curtiss P-40, de vários modelos. Atualmente cerca de 30 ainda estão perfeitas condições de voo e a Força Aérea Brasileira chegou a utilizar este avião.

Um P-40 que chegou ao século 21 e com pintura similar a que era utilizada pelo avião encontrado no deserto

Tentativa de Resgate Antes Que se Perca Totalmente o P-40

O Museu da RAF localizado em Hendon, norte de Londres, tomou conhecimento da descoberta e planos já estão em andamento para recuperar a aeronave antes que alguém tenta tirá-lo para usar como sucata ou lembranças.

O capitão Paul Collins, adido de defesa inglês para o Egito, confirmou ao jornal londrino Daily Mail que uma pesquisa seria montada para recuperar os restos mortais do aviador, mas admitiu que era “extremamente improvável” que a empreitada fosse bem sucedida. O local poderia ser marcado como um túmulo de guerra depois que a aeronave fosse recuperada.

Um dos trens de pouso do P-40, perdido no choque com o solo

O Capitão Collins acrescentou ao jornal que o local do acidente está perto de uma linha de contrabando que liga o Sudão a Líbia e que para ir ao ponto exato teriam de contar com o apoio e a proteção do exército egípcio. Ian Thirsk, do Museu da RAF, confirmou que trabalha conjuntamente com o Ministério da Defesa da Inglaterra para recuperar o avião.

Parte do paraquedas que pode ter sido utilizado como abrigo improvisado para suportar o calor que pode chegar a 50 graus

Infelizmente ninguém sabe ao certo o que restará para ser resgatado. A aeronave foi completamente saqueada antes que pudesse ser realizado o seu regresso. Membros do exército egípcio removeram a munição das metralhadoras para evitar um acidente. Historiadores temem que o governo britânico esteja levando muito tempo para recuperar o avião de guerra.

Pesquisadores apontam que um dos principais indícios que durante 70 anos ninguém esteve junto a este avião está no fato de haverem sido encontrados as munições nos cofres das metralhadoras intactos. Pois em uma região com tantos conflitos após a Segunda Guerra Mundial, este material bélico certamente já teria sido a muito retirado.

Foto de satélite que mostra o P-40 no deserto

Fotos: Jakub Perka/BNPS – via Daily Mail (UK).

Material Pesquisado e outras fotos-

http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/aerov/legendarios.htm

http://www.dailymail.co.uk/news/article-2142300/Crashed-plane-Second-World-War-pilot-Dennis-Copping-discovered-Sahara-desert.html?ito=feeds-newsxml

http://www.vintagewings.ca/VintageNews/Stories/tabid/116/articleType/ArticleView/articleId/357/language/en-CA/Original-Kittyhawk-HS-B-Discovered.aspx

http://compendiummagazine.com/p-40-de-la-segunda-guerra-mundial-encontrado-en-el-sahara-70-anos-despues-de-su-desaparicion

http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/4312635/Sergeant-Dennis-Copping-is-the-pilot-from-42-whose-plane-was-found-70-years-after-he-crashed-in-the-desert.html

http://www.iwm.org.uk/collections/search?filter%5BagentString%5D%5B0%5D=%22Royal%20Air%20Force%2C%20260%20Squadron%22&query=

http://www.arido.eu/clamoroso_ritrovamento.html

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25 comentários sobre “AVIÃO P-40 DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ENCONTRADO NO DESERTO DO SAARA 70 ANOS APÓS SEU DESAPARECIMENTO

  1. luiz carlos de souza reis 09/06/2012 / 22:13

    estepiloto merece todas as honras militares possiveis, pois ele deu sua vida em conprimento ou seu pais e ao povo da inglatera , e ao esforço aliado na 2 guerra morrendo no conprimento do seu dever patriotico; perdeu sua vida tentado retornar a sua base militar mas vindo a falecer tentando este retorno.

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    • Rostand Medeiros 10/06/2012 / 01:18

      Olá Luiz.
      Você tem razão.
      Realmente é uma história um tanto diferenciada em relação aos assuntos sobre a Segunda Guerra Mundial.
      Um abraço.
      Rostand

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      • marionedel 25/10/2012 / 11:34

        cumprimento

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    • Alex Marinho 18/11/2012 / 11:27

      cara muito bom o material,eu já tinha lido algo parecido no
      livro – enigmas e mistérios da segunda guerra mundial.
      não lembro se é o mesmo caso mas mesmo assim parabéns pelo relato.

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  2. Neto 11/06/2012 / 21:13

    Boa noite Rostand? Que descoberta? Quando comecei a ler a matéria fiquei torcendo que o piloto estivesse sobrevivido a esse acidente. Mas infelizmente acho que ele não conseguiu. O incrível é que não foi encontrado corpo nem vestígio.

    Atenciosamente,
    Neto

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  3. Tião Ferreira 14/10/2012 / 14:37

    Isso me lembra um assunto curioso, sobre o qual nada sei: De onde veio e para onde foi aquele avião que ficava exposto numa sucata lá na Av. Bernardo Vieira? Nunca ouvi nada a respeito dele, e hoje ele não mais se encontra lá…

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    • Rostand Medeiros 14/10/2012 / 22:36

      Amigo Tião Ferreira,
      Rapaz, boa lembrança daquele velho avião.
      Acredito que era um antigo T-23, da época em que o antigo CATRE tinha uma este tipo de aeronave de treinamento.
      Mas realmente não soube o que foi feito da sucata.
      Um abraço.
      Rostand

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  4. Adalton 26/10/2012 / 00:03

    é impressionante o estado de conservação dessa aeronave, perdida ao relento por décadas… mas aqui nós temos uma base aérea inteira que ta se perdendo, as sucatas já não existem mais…

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  5. Charles 01/03/2013 / 13:39

    Muito interessante essa história, gostei muito.

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  6. Robson Sebold 30/03/2013 / 02:21

    Olá senhores, Rostand. Percebi que a foto com a localização do avião está com a latitude e longitude apagados. Tentei em varios sites e foruns que falar a respeito deste caso e nao encontrei o local. Tem ideia da localização?

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    • Rostand Medeiros 30/03/2013 / 08:01

      Olá Robson.
      Eu também busquei, sem sucesso, esta informação. Desejava saber o que fizeram do P-40, mas nada.
      Acredito que este segredo é para preservar, mas para fazer o que?
      Levar para um museu? Colocar em condições de voo? Ou depenar o avião e vender as peças ao mercado de “warbirds”?
      Realmente não sei.
      Um abraço.
      Rostanhd

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  7. edson 07/06/2013 / 20:15

    Sensacional para os colecionadores de peças de museu. Estamos Séc. XXI.
    Mais pesquisas a respeito.

    Abraços.

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  8. ricardo moraes 08/06/2013 / 18:37

    prezado rostand,tente imaginar que a unica base aerea que ainda possuia um p-40 em condiçoes de vôo era o 5 comar de canoas,ao tempo em que meu pai serviu na PA da aeronautica em 54 e presenciou os p-40s desativados empilhados como sucata prontos para a siderurgica na região metropolitana de porto alegre,é incrivel ter esta aeronave como favorita por ser a cara da segunda guerra e morar onde pilhas delas foram derretidas..

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  9. Guto 17/04/2014 / 18:46

    Não conhecia esse fato. Me fez lembrar do B-24D Lady be good que desapareceu durante uma missão de bombardeio e foi encontrado em 1958 no deserto líbio.

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  10. luiz lucas de paiva 07/06/2014 / 08:40

    gostei muito da descoberta, é interessante ter mais noticias do genêro, lembro da existência de um P-40 intacto, na entrada da cidade de paraguaçu no sul de Minas gerais

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  11. eanes melo 08/09/2014 / 17:22

    Caro rostand creio que pela experiência militar adquirida durante minha permanência na FAB, de 1969/1977, creio que este inglês desertou, pela atitude de fechar o rádio e deliberadamente não seguir as orientações de companheiro de batalha. Com certeza o mesmo foi resgatado por alemães, haja visto que a ausência do esqueleto foi confirmado. Durante conflitos longos, é comum aumentar o número de desertores. Geralmente fatos como esse é abafado pelos comandantes para não afetar a moral da tropa. Diante do exposto o comando não providenciou buscas e resgate.

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  12. joao vilarinho gomes de oliveira 26/10/2014 / 17:07

    Fiquei impressionado com fato. Pois tenho muito admiração pelas pessoas que lutam pela sobrevivência e não se entregam. Sobrevivência no sentido de procurar se adaptar a uma determinada situação, como foi o caso desse piloto. lamentavelmente não sabemos o termino deste episodio. me lembra também o caso dos aviões caças que sobrevoaram o triangulo das bermudas.

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  13. Luiz Carlos 17/10/2016 / 17:16

    Fiquei intrigado com um detalhe: por que um avião com as metralhadoras desativadas, como consta no início da matéria, carregaria munição?

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