A TRISTE SITUAÇÃO DO RICO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

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Rostand Medeiros – Escritor e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN

Desde 2005 que eu frequento o nosso Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte e desde essa época ele está localizado na antiga sede do extinto supermercado “Superete Queiroz”, na esquina da Avenida Coronel Estevam, antiga Avenida “9”, com a Rua Dr. Alfredo Lyra, no Alecrim.

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Também desde 2005 existe a promessa de mudança do Arquivo para uma sede definitiva, mas nada até o presente momento foi feito. Acompanhei nesta época o trabalho árduo, mas infelizmente infrutífero, do Promotor de Justiça João Batista Machado na busca de uma solução para o local.

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Em agosto de 2017 eu solicitei ao então Diretor da casa, o Professor Claudio Augusto Pinto Galvão, para fotografar alguns exemplares do jornal “A República” para uma pesquisa que atualmente realizo. Durante este trabalho eu testemunhei o esforço do Professor Claudio e dos abnegados funcionários da casa solicitando apoio a Secretaria da Administração do Estado para a solução dos problemas ali existentes. Mas nada vi de solução durante o período que lá estive.

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E que problemas são estes?

Muito mofo, estrutura deficiente, o gesso do teto prestes a cair, falta de pessoal, de material, muitas goteiras que formavam poças na parte interna e outros mais! 

Os problemas são tantos e tão visíveis, que prefiro lhes trazer as fotos que fiz no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte em setembro passado.

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Recentemente o Sobre o Professor Claudio Galvão me enviou um vídeo de uma verdadeira “cachoeira” dentro do Arquivo. A gravação foi realizada recentemente, neste último período de chuvas mais fortes que atingiram Natal agora em fevereiro. 

Veja o vídeo neste link

https://www.youtube.com/watch?v=WcI1Eh0lUL8&feature=youtu.be

 

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Se nada for realmente feito, tudo ali corre perigo.

Às vezes penso que o atual estado do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte é uma ação deliberada de grande parte da classe política do nosso estado. 

Bem eu acredito que todos no Rio Grande do Norte sabem que grande parte da estrutura política potiguar é tradicionalmente formada por oligarquias. Sendo assim, penso que no intuito de evitar que  pesquisadores mostrem através de suas pesquisas históricas os erros dos membros mais velhos destas oligarquias ao longo de sua trajetória política, o melhor era que o Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte e seu acervo fossem totalmente destruídos.

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Grande parte da memoria estadual, inclusive do judiciário, repousa naquele local. A quantidade de tesouros ali existentes é fenomenal. Creio que a perda deste patrimônio será um duro golpe na memória e na formação do pensamento do povo potiguar sobre sua própria existência.

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Enfim não podemos esquecer que para muitos políticos a melhor maneira de conduzir seus eleitores como se fosse gado, ocorre quando esse povo não tem nenhuma noção sobre a História e a formação do seu lugar, nem como essas pessoas se enquadram no contexto histórico de sua região. Como resultado desse desconhecimento o povo dessa terra acaba por não ter muito orgulho do seu lugar, de suas tradições e de sua herança cultural.

No final esse povo acaba sem saber quem ele realmente é, de onde veio e a razão do porque está aqui.

6 comentários sobre “A TRISTE SITUAÇÃO DO RICO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

  1. luiz gonzaga cortez gomes de melo 10/03/2018 / 13:42

    Soube, hoje, que uma “goteira” inundou o arquivo dos exemplares de A República, destruindo-os. Você sabia, Rostand?

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  2. Paulo da Mata Machado 12/03/2018 / 14:21

    Lamentável. É a situação dos bens históricos brasileiros. Nosso Estado sabe como acumpliciar-se com todo o tipo de larápios e vagabundos, em prejuízo dos legítimos interesses do povo e nação. Um estado históricamente criminoso, a dizer o mínimo.

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  3. letrasemendadas 13/03/2018 / 20:32

    Comecei a ler hoje mais cedo a Biografia de Anita Garibaldi, de autoria do jornalista Paulo Markun, publicada em 1999. Logo nas primeiras páginas ele se refere ao lamentável estado em que encontrou, por ocasião de suas pesquisas, um acervo sobre nossa heroína, reunido durante décadas pelo catarinense Wolfgang Ludwig Rau, uma raríssima preciosidade que já à epoca da pesquisa se encontrava em precárias condições materiais de conservação, devido à falta de meios com os quais o Sr. Rau pudesse manter o arquivo. Como vê, o a desídia com o tesouro arquivado nessa instituição potiguar é a regra de como o Brasil cuida de sua História. saudações Paulo

    Livre de vírus. http://www.avast.com .

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  4. humbabomber 25/02/2019 / 11:14

    REVOLTANTE!
    E as coisas estão piorando, pois estes documentos chegaram no tempo até aqui, mas parece que não passarão..
    Talvez antes as pesquisas históricas não fossem divulgadas… Havendo agora maior publicidade os dirigentes estão destruindo os arquivos…

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