OS MISTERIOSOS SONS DO FUNDO DO MAR

NOAA-National Oceanic and Atmospheric Administration
NOAA-National Oceanic and Atmospheric Administration

UMA IMPORTANTE AGÊNCIA DE PESQUISAS GOVERNAMENTAL DOS ESTADOS UNIDOS NÃO EXPLICA A ORIGEM DE ALGUNS ESTRANHOS SONS ORIUNDOS DO FUNDO DO OCEANO PACÍFICO

Autor – Rostand Medeiros

O NOAA-National Oceanic and Atmospheric Administration (http://www.noaa.gov/) é um grande e importante órgão do governo dos Estados Unidos que, entre inúmeras atribuições, conduz várias pesquisas destinadas a melhorar a compreensão do meio ambiente.

No verão de 1997, instrumentos de captação sonoros detectaram um forte som vindo das profundezas do Oceano Pacífico. Este parecia ser de origem animal e até hoje não teve uma definição concreta da sua origem.

Este som foi batizado de “BLOOP” e é um dos cerca de meia dúzia de sons inexplicáveis ​​que o Projeto de Monitoramento Acústico do NOAA captou em seus mais de vinte anos ouvindo os ruídos vindos do fundo do Oceano Pacífico. Embora alguns desses sons pareçam ter explicações relativamente óbvias, outros são realmente desconcertantes e representam um dos grandes mistérios da ciência atual.

MONITORANDO OS SONS DO FUNDO DO MAR NO TEMPO DA GUERRA FRIA

Durante a Guerra Fria, a Marinha dos Estados Unidos estabeleceu principalmente no fundo do mar entre a Groelândia, Islândia e o norte da Grã-Bretanha, em locais que sabidamente serviam de passagem para navios e submarinos, uma série de pontos de monitoramento, munidos de maciços microfones subaquáticos.

O conflito ideológico entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética gerou o projeto SOSUS
O conflito ideológico entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética gerou o projeto SOSUS

Estes equipamentos pertenciam ao chamado SOSUS – Sound Surveillance System. Este era um sistema altamente sofisticado, cuja metodologia de operação aproveitava um fenômeno natural conhecido como “canal de som profundo”. Este fenômeno ocorre quando os sons produzidos a uma determinada profundidade podiam ser captados a muitos quilômetros de distância, devido à temperatura e as pressões ali existentes.

O sistema SOSUS servia principalmente para detectar a presença de submarinos soviéticos. Estrategicamente era uma tecnologia bastante interessante, pois antecipava para os analistas de guerra submarina dos Estados Unidos, com certa precisão, o movimento dos seus adversários soviéticos.

Em locis como os mostrados na imagem, foram instalados estações do sistema SOSUS para detectar submarinos soviéticos
Em locis como os mostrados na imagem, foram instalados estações do sistema SOSUS para detectar submarinos soviéticos

Por volta de 1990, com o fim da Guerra Fria, o sistema SOSUS foi entregue ao NOAA para que seus cientistas pudessem através dos potentes hidrofones, estudar os sons naturais produzidos pelos oceanos.

Depois de anos de atividades do SOSUS, se tornou muito fácil para os cientistas do NOAA identificarem os sons emitidos por baleias, terremotos, vulcões marinhos, navios e outras fontes. Todos estes sons têm suas próprias características, de modo que raramente há qualquer dúvida sobre a origem de alguma coisa que foi captada.

Mas de vez em quando, o SOSUS detecta ruídos que desafiam qualquer explicação.

Na sequência estão os quatro principais sons captados pelo NOAA, que a agência considera oficialmente inexplicáveis. Todos estes sons foram acelerados entre 16 e 20 vezes em relação a sua velocidade real, para que se possa ouvi-los mais claramente.

OS QUATRO SONS MAIS MISTERIOSOS CAPTADOS PELO

NOAA E DISPONÍVEIS NO YOU TUBE

“BLOOP” – http://www.youtube.com/watch?v=OBN56wL35IQ

“JULIA” – http://www.youtube.com/watch?v=yDT1WWJpa9U

“SLOWDOWN” – http://www.youtube.com/watch?v=JqYLFtIrq1Y

“TRAIN http://www.youtube.com/watch?v=rWtT6EDaRF4

Bem, se analisarmos friamente, aparentemente estes ruídos até que não são nada demais.

Mas se eles forem analisados pelo conjunto de quem captou, de como foram captados, em que circunstâncias onde estes foram detectados, a coisa muda de figura.

Navio de pesquisas "Okeanos Explorer", pertencente ao NOAA
Navio de pesquisas “Okeanos Explorer”, pertencente ao NOAA

Pois a respeitabilidade do trabalho da NOAA para a compreensão do meio ambiente está no mesmo nível que o trabalho da NASA possui para a nossa compreensão do espaço.

Além do mais, foi à própria agência NOAA que disponibilizou em seu site oficial a notícia destes estranhos ruídos subaquáticos.

Ver – http://www.pmel.noaa.gov/vents/acoustics/sounds_cryogenic.html

Não podemos esquecer que aqueles que sabem diferenciar os sons normais dos ruídos considerados estranhos, foram os próprios cientistas desta agência. Que normalmente só deixa fazer parte dos seus quadros gente com um nível acadêmico bastante elevado e que pensa de forma estritamente cientifica.

HISTÓRICO DESTES ESTRANHOS SONS

Como ficou registrado no espectrograma o som "BLOOP"
Como ficou registrado no espectrograma o som “BLOOP”

“BLOOP” – Este é o mais conhecido e controverso destes sons. Foi gravado em 1997, sendo proveniente de um ponto localizado a cerca de 1.500 quilômetros a oeste da costa do sul do Chile. Era poderoso o suficiente para ser pego em sensores localizados a 3.000 quilômetros de distância, tornando-o um dos ruídos mais violentos já captados no fundo do mar e não foi mais detectado desde então.

“JULIA” – Este som foi gravado em 1 de março de 1999, durou cerca de quinze segundos e nesse tempo ele foi pego por todos os sensores agregados a hidrofones autônomos do NOAA localizados no Oceano Pacífico Equatorial. Sua origem foi apontada como sendo em torno de 1.500 milhas náuticas a oeste da costa do Peru. Fora isso, os cientistas do NOAA não tem a mínima ideia do que causou isso.

“SLOW DOWN” – Foi registrado pela primeira vez em 19 de maio de 1997. Com uma curva acústica ascendente, o som ainda pode ser ouvido várias vezes por ano. Foi detectado cerca de 2.000 quilômetros a oeste do Peru, mas sua origem real é muito mais ao sul, com possível origem na Antártida. Seu perfil sonoro básico corresponde ao som de objetos em enorme atrito, como icebergs partindo de alguma geleira, ou um movimento brusco glacial. Estas parecem ser as explicações mais prováveis ​, mas o NOAA ainda não foi capaz de identificar todas as fontes específicas para este ruído, assim o mistério permanece.

“TRAIN” – É assim chamado porque lembra o som de um trem distante. Este foi gravado em 05 de março de 1997, embora não se saiba exatamente de onde o som veio. A explicação mais provável aponta em direção a leste da América do Sul. De acordo com o cientista Christopher Fox, este som aponta para o movimento das correntes oceânicas, como explicou em 2002: “Seria o movimento de fluidos, capazes de gerar vibrações, como um sopro de ar através de um clarinete”. Mas tal como os outros sons, o NOAA ainda não foi capaz de identificar totalmente este ruído e a questão continua em aberto.

SERIA UMA BALEIA GIGANTE?

Para os cientistas, os sons “SLOW DOWN” e “TRAIN”, mesmo sem nenhum deles poder ter explicações confirmadas, parecem ter origens plausíveis. “JULIA” é mais difícil de definir com uma explicação específica.

Baleia azul sendo fotografada
Baleia Azul, o maior animal do planeta Terra, sendo fotografada

Os cientistas consideram que apesar de não saberem o que causou esses sons, acreditam que o mistério está mais ligado ao fator básico de não terem dados suficientes para entender o que aconteceu. Além do mais o Oceano Pacífico é um lugar muito grande. De fato as profundezas do Pacífico ainda constituem a maior fronteira inexplorada do planeta.

Mas nenhum destes sons parece confundir mais a cabeça dos cientistas, ou inflamar as suas imaginações, do que “BLOOP”.

Em um primeiro momento a ideia de gelo Antártico se desprendendo da calota polar foi apontada como uma possível explicação e a sua localização austral tornou esta possibilidade decentemente provável. Mas o perfil do som, a sua estrutura, se aproxima muito mais de um som gerado por um animal. E é aí que a coisa toda fica muito estranha.

Se o “BLOOP” foi feita por um animal, pelo som gerado, ele aparentemente deve ser maior do que qualquer outro organismo conhecido. Mesmo a baleia azul, cujo maior comprimento de registro é de cerca de 33 metros e meio, não seria grande o suficiente para dar conta da sonoridade desenvolvida pelo que causou “BLOOP”.

Poderia tal leviatã existir?

Pintura que dá a ideia de uma  pretensa "Super Baleia" atacando uma Baleia Azul
Pintura que dá a ideia de uma pretensa “Super Baleia” atacando uma Baleia Azul

O som “BLOOP” pode ser considerado a evidência mais forte para tal besta marinha???

O problema é que não há um único fragmento de evidência real para apoiar a existência do que poderíamos chamar de uma baleia gigante.

Mesmo com todo o Oceano Pacífico para se esconder, é difícil acreditar que uma espécie que deve continuamente vir à superfície para respirar, não ter sido vista pelos seres humanos ao longo de sua história marítima e conseguir esconder completamente sua existência ao longo de séculos.

SERIA UMA LULA?

Calma! Não estamos falando do ex-presidente Lula.

Mas dos moluscos marinhos pertencentes à classe dos cefalópodes. A esta classe de animais pertencem os polvos, chocos, sibas ou sépias e as lulas.

Lula gigante em comparação
Lula gigante em comparação

Dos pequenos membros pertencentes à classe dos Cefalópodes, os seres humanos já os conhecem muito bem e alguns são bastante apreciados na mesa do jantar. Mas em relação às grandes lulas, o caso é bem diferente.

Estas criaturas já foram consideradas um grande mito da criptozoologia por muito tempo, mas a descoberta de restos destes seres marinhos veio mostrar que este tipo de animal realmente existia. Apesar disso o conhecimento dos cientistas sobre estes cefalópodes continua extremamente limitado.

Existem dois tipos conhecidos de grandes lulas. Estas são a Lula Gigante (Architeuthis spp.) e a Lula Colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni). Estes cefalópodes são considerados os maiores invertebrados conhecidos na terra. Com tamanhos que podem atingir, no caso da primeira, 13 metros e na colossal ultrapassar os 22 metros de comprimento.

Muitas baleias cachalotes carregam cicatrizes causadas pelos tentáculos das lulas gigante e colossal, que possuem ganchos nas suas ventosas que podem causar feridas profundas. Durante anos estas marcas foram às únicas evidências que existia um estranho animal no fundo dos oceanos.

Lula Colossal sendo estudada
Lula Colossal sendo estudada

Somente nos últimos anos os cientistas têm aprendido mais sobre estes grandes cefalópodes.

Em Setembro de 2004 a equipe do Museu Nacional Científico de Tóquio e da Associação de Observação das Baleias de Ogasawara, conseguiram fotografar pela primeira vez na história um exemplar vivo de Lula Gigante no pacifico norte, perto das ilhas Ogasawara. O animal de oito metros de comprimento agarrou-se a uma isca, presa a uma corda e lançada a 900 metros de profundidade. A Lula Gigante lutou por quatro horas para se libertar, amputando um dos tentáculos no processo. O tentáculo media quase seis metros de comprimento e foi resgatado pelos cientistas ainda se movendo.

Em 2007 uma Lula Colossal, com mais de 14 metros de comprimento, foi capturada por pescadores da Nova Zelândia em águas antárticas. O molusco que pesava 495 quilos tinha olhos do diâmetro de pratos de comida e foi fisgado por acidente. Trazido a bordo e conservado no gelo, foi enviado para estudo na Universidade de Tecnologia de Auckland.

Lula Colossal sendo capturada em 2007
Lula Colossal sendo capturada em 2007

Mas voltando ao caso do “BLOOP”. É possível aceitar que este som seja proveniente de Lula Gigante ou Colossal?

Impossível, pois a maior lula conhecida é menor que a maior baleia conhecida. Outra razão para descartar os cefalópodes veio do cientista Phil Lobel, um biólogo marinho da Universidade de Boston, Massachusetts. Para ele as lulas simplesmente não têm os órgãos necessários para criar barulhos mais elevados. No entanto, ele concorda que o som “BLOOP” é provavelmente de origem biológica.

E O MISTÉRIO CONTINUA!

“BLOOP” é um som único, ouvido em 1997 e jamais repetido.

A menos que se escute novamente o ruído, a história do “BLOOP” para o meio cientifico e acadêmico vai ficar apenas no campo da especulação, ou da adivinhação…

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Um comentário sobre “OS MISTERIOSOS SONS DO FUNDO DO MAR

  1. Rapha 24/03/2016 / 12:15

    Cara q demais, adorei ler essa matéria, ficou show. Acredito sim q Bloop seja um animal enorme desconhecido. Vc recomendaria algum documentário sobre o Bloop? Abraços

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