1940 – O “GRANDE DITADOR” EM NATAL

Rostand Medeiros – Escritor e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte

Em 1940 ator e diretor Charles Chaplin, criador do inigualável personagem “Carlitos”, lançava um dos seus mais importantes filmes, O Grande Ditador (The Great Dictator) e a imagem no início desta postagem mostra como os jornais apresentaram o cartaz do filme.

Com roteiro ousado, engraçado e com forte crítica social sobre o momento em que o mundo iniciava seu maior conflito bélico, a Segunda Guerra Mundial, foi o primeiro filme sonoro de Charles Chaplin e um dos mais marcantes.

No filme temos dois personagens idênticos fisicamente, mas em situações adversas. Adenoid Hynkel é o grande ditador da Tomânia, uma nação em crise, que passa a crer em coisas como grandes líderes e a superioridade de uma raça sobre a outra. Já o outro personagem é um sujeito que perdeu a memória na guerra,  tentando retornar à vida como barbeiro, depois de ficar internado em um hospital e mora em um gueto onde forçadamente habitam os judeus.

O filme mostra as ações dos dos dois personagens, ambos interpretados por Chaplin, que nunca se encontram, mas tem suas vidas ligadas, pois devido às semelhanças físicas, o barbeiro é confundido com o ditador e este acaba discursando em seu lugar. Ao invés de ouvirem o discurso inflamado do antigo ditador, o que houve é uma exaltação à paz. O grande discurso, inflamado, acabou ganhando mais fama que o próprio filme de Chaplin.

Outra  cena que marcou época  é do ditador Hynkel brincando com o globo terrestre e chora feito um menino quando ele estoura.

Esta película foi censurada no Brasil pelo (DIP) Departamento de Imprensa e Propaganda, temido órgão governamental que realizava a censura na época do período do Estado Novo, durante a ditadura de Getúlio Vargas. A alegação dos censores foi que a obra era “comunista” e “desmoralizadora das Forças Armadas”. É certamente uma obra-prima sem igual, onde vemos uma bela reprodução de um período complicado da história, onde Chaplin defende a liberdade, a solidariedade e a igualdade. Apesar de tudo isso, existe uma versão que afirma que Chaplin dizia ter se arrependido de ter feito o filme. Ele comentou que se soubesse o que acontecia nos campos de concentração, não teria brincado com um tema tão complicado.

Os jornais de Natal na época não comentam a reação do público, ou pormenores das apresentações desta película. “O Grande Ditador” apenas veio e foi presentado no antigo cinema “Rex”, que ficava na Avenida Rio Branco.

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