“ONDE ESTÃO TODOS ELES?” – A PERGUNTA ATEMPORAL DE FERMI SOBRE A VIDA EXTRATERRESTRE AINDA NÃO TEM RESPOSTA

Pelo menos uma em cada quatro estrelas no céu é orbitada por um planeta semelhante à Terra. Ainda não se sabe se existe vida em algum lugar lá em cima. (Imagem simbólica) © IMAGO/Valentin Weinhäupl

Há 75 anos, o ganhador do Prêmio Nobel de Física Enrico Fermi fez uma pergunta simples que os pesquisadores ainda não conseguem responder hoje: “Onde estão todos eles?”

Autora – Tanja Banner

O chamado “Paradoxo de Fermi” celebra seu 75º aniversário este ano. Em 1950, durante um almoço com colegas no centro de pesquisa de Los Alamos, o físico vencedor do Prêmio Nobel Enrico Fermi levantou uma questão aparentemente simples que a ciência ainda não conseguiu responder de forma conclusiva: “Onde estão todos eles?”.

Fermi se referia às civilizações extraterrestres, que, dado o enorme tamanho do universo, estatisticamente deveriam existir. Mas por que ainda não fizemos contato com elas?

Em 1950, o ganhador do Prêmio Nobel de Física, Enrico Fermi, levantou uma questão importante: “Onde estão todos eles?”. Ele se referia aos extraterrestres que, estatisticamente falando, deveriam existir no universo. Até hoje, não há resposta. (Imagem de arquivo) © imago/United Archives International

A Ciência Busca Sinais de Vida no Universo

A astronomia fez enormes progressos nas últimas décadas. David Charbonneau, do Centro de Astrofísica da Universidade Harvard & Smithsonian, destaca esse salto no conhecimento em um comunicado à imprensa: Embora na época de Fermi não se conhecesse um único planeta fora do nosso sistema solar, a situação mudou fundamentalmente. “Agora sabemos que pelo menos uma em cada quatro estrelas tem um planeta do mesmo tamanho que a Terra, é rochoso e tem a mesma temperatura que a Terra — em outras palavras, um planeta na zona habitável. Essas são conclusões muito confiáveis”, afirma o pesquisador.

Os dados observacionais mais recentes do Telescópio Espacial James Webb também mostraram que muitos desses planetas potencialmente habitáveis ​​podem conter recursos hídricos — outro pré-requisito importante para a vida como a conhecemos. O próximo marco na busca por vida extraterrestre seria a detecção de bioassinaturas — compostos químicos em atmosferas planetárias que indicam processos biológicos. Particularmente promissoras são as combinações de gases que não poderiam existir de forma estável sem atividade biológica.

O telescópio espacial James Webb na pesquisa do espaço profundo. — Foto: Nasa.

Busca por Exoplanetas Habitáveis ​​– Existe Vida Lá?

No entanto, a geração atual de telescópios está atingindo seus limites. Mesmo o Telescópio Espacial James Webb, de última geração, só consegue realizar análises espectroscópicas limitadas de atmosferas de exoplanetas. Pesquisadores já estão trabalhando em conceitos para instrumentos ainda mais potentes, que poderão ser implantados na década de 2030.

No entanto, uma questão fundamental permanece sem resposta: com que frequência a vida surge em condições favoráveis ? Charbonneau formula o dilema da seguinte forma: pode ser que a vida surja em qualquer planeta habitável com água, oxigênio, nitrogênio e fósforo após cerca de um bilhão de anos — ou essas condições podem levar ao nada. Ele enfatiza a importância estatística dos estudos iniciais de planetas em zonas habitáveis: “Se você observar o primeiro e não encontrar vida, já aprendeu do ponto de vista estatístico, que não há garantia de que a vida se formará.”

O astrofísico Avi Loeb – Foto – https://www.scientificamerican.com/

“Não Devemos Varrer as Anomalias Para Debaixo do Tapete”

Avi Loeb, professor da Universidade Harvard e fundador do Projeto Galileo, defende uma abordagem mais ampla para a busca por civilizações extraterrestres. Sua equipe está investigando tanto fenômenos aéreos não identificados na Terra quanto objetos que poderiam ter origem em outros sistemas solares.

Loeb causou comoção na comunidade científica em 2018 ao levantar a hipótese de que Oumuamua — o primeiro objeto interestelar conhecido em nosso sistema solar — poderia ser uma vela de luz alienígena ou destroços de uma nave espacial alienígena. Apesar das críticas consideráveis ​​a essa teoria, Loeb agora enfatiza: “Não devemos varrer anomalias para debaixo do tapete, mas sim coletar dados para obter certeza.”

O radiotelescópio de 26 metros no Observatório de Mount Pleasant, Tasmânia, Austrália – Foto – wikimedia.org

Será que estamos sozinhos no universo ou somos apenas mais comunicativos que os alienígenas?

Para Charbonneau, as chances de encontrar um “parceiro cósmico” no espaço são bastante reduzidas. Mesmo que nossa estrela vizinha mais próxima, Proxima Centauri, abrigasse vida inteligente com tecnologia de rádio, uma única mensagem de ida e volta levaria quase uma década.

Ele também oferece uma perspectiva interessante: “Se você observar a Terra, verá que existem muitos organismos que não demonstram interesse em tecnologia ou comunicação. Nós, humanos, adoramos nos comunicar e nos conectar — mas talvez isso não seja uma propriedade universal da vida, mas sim algo exclusivamente humano.”

Esse raciocínio poderia explicar por que, apesar de inúmeros mundos potencialmente habitáveis, a humanidade ainda não recebeu nenhum sinal de civilizações extraterrestres. Talvez sejamos a espécie mais comunicativa em nossa vizinhança cósmica — ou a única que existe.

GUITARRISTA DO GRUPO DE ROCK QUEEN, QUE É DOUTOR EM ASTROFÍSICA, ALERTA PARA IMPACTO DE ASTEROIDES NA TERRA

Fonte - www.ibtimes.co.uk
Fonte – http://www.ibtimes.co.uk

Um grupo de mais de 100 cientistas, astronautas e líderes empresariais pede às autoridades o desenvolvimento de um sistema de monitoramento e destruição de asteroides que coloquem em risco a vida no planeta Terra.

“Há um milhão de asteroides no sistema solar que têm o potencial de atingir a Terra e destruir uma cidade inteira. Até agora, localizamos menos de 10 mil – somente 1% – deles. Mas temos tecnologia para mudar esta situação”, declarou Martin Rees, professor emérito de Cosmologia e Astrofísica da Universidade de Cambridge.

Fonte - www.mirror.co.uk
Fonte – http://www.mirror.co.uk

Ao lado de nomes como o guitarrista da banda Queen, Brian May, também doutor em astrofísica, Rees listou as sugestões do grupo de cientistas:

  • Empregar a tecnologia disponível para detectar e monitorar asteroides com traçado próximo à Terra e que representem ameaças à população através da ação de organizações filantrópicas e governos.
  • Acelerar em 100 vezes a descoberta e o monitoramento de asteroides que circulem próximos à Terra para um número de cerca de 100 mil (descobertas) por ano nos próximos dez anos.
  • Adoção global do Dia do Asteroide, em 30 de junho, para aumentar a consciência sobre os danos que os corpos celestes poderiam provocar e sobre a necessidade de prevenção.

Embora diga que este tipo de fenômeno é improvável, o astrofísico afirma que a Terra está “na linha de tiro”.

May e amigos astrofísicos em um observatório.
May e amigos astrofísicos em um observatório.

Já o guitarrista e astrofísico Brian May disse que, embora as chances sejam pequenas, “basta um asteroide” em um milhão com risco de acertar a Terra para que ocorra uma tragédia global.

“Um corpo de 200 metros de diâmetro que caia no oceano pode provocar tsunamis que poderiam devastar toda a costa Leste dos Estados Unidos e uma parte da Europa”, agregou Martin Rees.

“A cada dez milhões de anos, um corpo de alguns quilômetros de diâmetro – um asteroide ou um cometa – vai acertar a Terra, causando uma catástrofe global equivalente a milhões de bombas atômicas”, concluiu Rees.

A declaração com as sugestões foi assinada por cientistas, físicos, artistas, astronautas e homens de negócios de 30 países.

Sensacionalismo?

Talvez algumas pessoas pensem que o guitarrista Brian May, de 67 anos, esteja procurando pedras no céu pelo ocaso de sua carreira de guitarrista. Ou pode ser apenas para chamar a atenção, em busca de holofotes e mídia. Mas a verdade é que May mantém um grande interesse em astronomia. O guitarrista é um contribuinte regular para o programa “The Sky at Night”, de seu amigo de longa data, Sir Patrick Moore, com quem é coautor, juntamente com o Dr. Chris Lintott, do livro ilustrado de astrofísica chamado “BANG! A História Completa do Universo”. Lançado em 2006, desde então foi publicado em 20 idiomas, além de ter uma segunda edição atualizada.

Fonte - www.brianmay.com
Fonte – http://www.brianmay.com

Em 2007, após uma pausa de 30 anos atuando na sua carreira musical, Brian May voltou ao Imperial College, de Londres, para se inscrever e completar a sua tese de doutorado em Astrofísica. Em um ano submeteu com sucesso a nova versão da sua tese sobre poeira interplanetária. Embora já titular orgulhoso de diplomas honorários das Universidades de Hertfordshire, Exeter e John Moore, de Liverpool, May, em 2007, finalmente conseguiu a obtenção de um diploma de doutorado pleno e DIC – Diploma of Imperial College. Brian May posteriormente aceitou um cargo de Pesquisador Visitante do Imperial College e irá ali continuar o seu trabalho em Astronomia.

Grupo Queen em 1975, na gravação do clipe da música "Bohemian Rhapsody" - Fonte - http://www.andresguazzelli.com
Grupo Queen em 1975, na gravação do clipe da música “Bohemian Rhapsody” – Fonte – http://www.andresguazzelli.com

Acredito que estas tradicionais instituições inglesas de ensino superior jamais vão diplomar alguém apenas por ter sido companheiro de banda de Freddie Mercury, ou por ter participado do mítico álbum “A Night at the Opera“, de 1975, ou por ter cantado “Bohemian Rhapsody“!

Os Bólidos Espaciais Devem ser Levados a Sério?

Já a questão se os bólidos rochosos que povoam o espaço são, ou não, perigosos para nós, ridículos habitantes deste planetinha azul? Vão aí alguns dados bem interessantes…

Chelyabinsk, Rússia, 13 de fevereiro de 2013 - Fonte - www.t3.com
Chelyabinsk, Rússia, 13 de fevereiro de 2013 – Fonte – http://www.t3.com

Em 15 de fevereiro de 2013, um destes pedregulhos entrou na atmosfera da Terra, ao sul da região dos Urais, na Rússia. Eram cerca de três da tarde na hora local quando o objeto rochoso entrou a quase 70.000 km por hora na nossa atmosfera. Logo a sua luz se tornou mais brilhante do que o Sol, mesmo a 100 km de distância.

Devido a sua altíssima velocidade e o ângulo raso de entrada na atmosfera, o objeto explodiu a uma altitude de quase 30 mil metros sobre a cidade russa de Chelyabinsk. A maioria da energia do objeto foi absorvida pela atmosfera, mas a pancada desta pedra no céu foi equivalente à força de 20 a 30 explosões iguais a detonação atômica de Hiroshima.

Fonte - www.foxnews.com
Fonte – http://www.foxnews.com

Mesmo em altitude tão elevada, a explosão criou pânico entre os moradores de Chelyabinsk e cerca de 1.500 pessoas ficaram feridas o suficiente para procurarem tratamento médico. Todas as lesões foram devido a efeitos indiretos do impacto do meteoro no céu, principalmente a partir de cacos de vidro das janelas que foram destruídos quando a onda de choque chegou ao chão.

Cacos de vidros espalhados em um espaço público em Chelyabinsk, devido a onda de choque - Fonte - en.wikipedia.org
Cacos de vidros espalhados em um espaço público em Chelyabinsk, devido a onda de choque – Fonte – en.wikipedia.org

Segundo os cientistas, este é o maior objeto natural conhecido a ter entrado na atmosfera da Terra desde 1908, quando ocorreu a queda de um bólido em Tunguska, na Sibéria, também na Rússia. Os cientistas acreditam que a rocha que explodiu sobre Chelyabinsk é também o único confirmado que um destes objetos espaciais resultou em um grande número de lesões em pessoas.

Mas o interessante disso tudo é que este bólido espacial tinha, segundo estimam os cientistas, cerca de “grandiosos” 20 metros de diâmetro e 13.000 toneladas de peso. Mas no espaço a quantidade de pedras errantes com 100, 200, 500, 700 metros, ou um, cinco ou mais quilômetros é enorme.

Rastro da destruição do bólido espacial que explodiu a quase 30.000 metros de altitude sobre a Rússia - Fonte - www.startribune.com
Rastro da destruição do bólido espacial que explodiu a quase 30.000 metros de altitude sobre a Rússia – Fonte – http://www.startribune.com

Os cientistas afirmam que a questão não é “se” uma pedra dessas vai cair por aqui, mas “quando”!

Com uma população humana bilionária, convivendo em cidades com muitos quilômetros de extensão, a queda de um objeto destes vai criar muitos problemas. Se o fenômeno ocorrer no mar, os recentes tsunamis em decorrência de terremotos ocorridos na Indonésia e no Japão poderão parecer “marolinhas”. Por tudo isso, a iniciativa de Brian May merece elogios.

Mas não tenho nenhuma dúvida que tudo isso só será levado a sério se um dia uma pedra destas cair em cima de alguma cidade de um país desenvolvido. Se uma pedrona dessas cair na América do Sul, África, ou a parte pobre da Ásia, com grande perda de vidas humanas, ninguém dos países ricos vai estar nem aí!

Texto – Rostand Medeiros e notícia publicada no site da BBC – http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141205_asteroides_protege_rp