BERTOLT BRECHT – PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

Brecht em 1946

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis:
Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída
Quem a reconstruiu tantas vezes?

Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo:
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os Césares?

A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?

Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam
gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou?

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?

César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?

Filipe da Espanha chorou,
quando sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?

A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.

Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.

Nascido Eugen Berthold Friedrich Brecht, na Baviera, Brecht estudou Medicinae trabalhou como ordenança num hospital em Munique, durante a Primeira Guerra Mundial. Filho da burguesia sofreu, como todos no seu país, a sensação de encarar um país completamente destruído pela guerra.

Depois desta mudou-se para Berlim, onde o influente crítico Herbert Ihering lhe chamou a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno.

Já em Munique, as suas primeiras peças (Baal e Trommeln in der Nacht) foram levadas ao palco e Brecht conheceu Erich Engel, com quem veio a trabalhar até ao fim da sua vida. Em Berlim, a peça Im Dickicht der Städte tornou-se no seu primeiro sucesso.
O totalitarismo afirmava-se como a força renovadora que não só iria reerguer o país, como se outorgava a missão de reviver o Sacro Império Romano-Germânico. Mas, ao mesmo tempo, chegavam à Alemanha influências da recém formada União Soviética, com sua bem-sucedida implantação de um regime socialista, o que significava esperança para um povo sofredor como o da Alemanha, naquele período.

É a este último grupo que Brecht se vai unir, na ânsia de debelar o seu desespero existencial. No entanto, depois de Hitler, eleito em 1933, Brecht não estava totalmente seguro na Alemanha Nazi, exilando-se na Áustria, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e, finalmente, nos Estados Unidos.

Recebeu o Prémio Lenin da Paz, em 1954.

Fonte – http://torredahistoriaiberica.blogspot.com.br/2007/09/bertolt-brecht-1-perguntas-de-um.html

10 comentários sobre “BERTOLT BRECHT – PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

  1. Wagner Muniz Ribeiro 05/08/2014 / 20:17

    A trajetória dos homens invisíveis

    Quando foi construída a Estátua do Cristo Redentor na Cidade do Rio de Janeiro, quem foi o primeiro Pedreiro que ergueu a enxada para virar a massa?
    Onde está ou qual é o nome do cinegrafista do Programa Fantástico que vai ao ar todos os Domingos?
    Expressei aqui somente duas situações dos milhares existentes neste vasto planeta. Percebo que o Autor o Sr. Bertolt Brecht retrata a imagem de artistas invisíveis aos olhos da mídia, e que são homens e mulheres de grande importância para a realização de muitas obras idealizadas e construídas.
    Não estou desmerecendo as cabeças pensantes, e idealizadoras de projetos, mas percebo que o autor retrata um pouco a necessidade de um olhar mais aguçado e equilibrado do ponto de vista humano em direção a obra e o obreiro.
    Os Reis, Lideres, Governantes usaram estratégias, fizeram planos, elaboraram projetos, mas a conclusão aconteceu por que homens labutaram e tiveram muitas vezes vida difícil e não receberam glórias como os idealizadores. Os monumentos, Arcos do Triunfo, Castelos, mas construído por simples operários, que homens poderosos dependeram, o que falar então do cozinheiro e do faxineiro que foram sempre os que os serviram como grandes guerreiros.
    Poema de Bertolt Brecht.
    Publicado em 07/09/2012 por Rostand Medeiros.
    Comentário do Aluno Wagner Muniz Ribeiro.
    Pedagogia – Polo Registro – SP.
    wagnermunizribeiro@hotmail.com

    Curtido por 1 pessoa

  2. Andrea 09/08/2016 / 10:36

    Segundo o poema de bertod quem são da história? quais pessoal levaram o crédito pelo trabalho coletivo ?um trabalhor que ler se tornar…

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