PRÁTICAS ANTIGAS DE HIGIENE QUE SÃO EXATAMENTE O OPOSTO DE LIMPEZA

Raios-X eram usados para depilação

Hoje em dia, quando as pessoas querem que seus pelos sejam removidos, elas geralmente optam por vários métodos como o uso de lâmina, cera e tratamentos a laser. Mas esses métodos nem sempre estiveram disponíveis, então o que as pessoas faziam anos atrás? A resposta é: raios-X! No início de 1900, os raios-X eram usados como meio de depilação. Você se sentaria na frente do equipamento de raios-X e terminaria em poucos minutos. Mal sabiam eles o quão prejudicial era a radiação.

As pessoas não conheciam os efeitos nocivos que os raios-X causavam, como úlceras e câncer induzidos pela radiação. Isso faz você se perguntar o que as pessoas estão fazendo hoje em dia que será considerado horrível em algumas décadas.

Os anos 1700 foram há muito, muito tempo atrás e tinham algumas práticas de beleza bizarras e repulsivas. Enquanto hoje as pessoas usam principalmente produtos de maquiagem como lápis e pós para preencher as sobrancelhas, as mulheres do século XVII tinham algo muito diferente: muitas usavam adesivos feitos de peles de rato como sobrancelhas. Esses adesivos eram considerados incrivelmente elegantes e bonitos, mas no mundo de hoje, isso é considerado nojento e assustador.

Esses adesivos faciais eram feitos para dar a impressão de sobrancelhas perfeitas completas mas, em última análise, servem como um lembrete de como algumas das coisas que as pessoas do passado faziam eram desagradáveis.

Depois de comer alho ou talvez beber uma xícara de café, você pode querer refrescar o hálito. O que você busca? Muito provavelmente um enxaguante bucal que contém um pouco de álcool e aromatizante de hortelã. Mas na verdade havia um tipo muito diferente de enxaguante bucal popular no século XVIII que continha xixi, porque a amônia também atua como um desinfetante. O uso deste tipo de enxaguante bucal pode ser rastreado até os tempos romanos.

Diziam que este enxaguante bucal limpava a boca e clareava os dentes. Quem diria que a urina poderia ter tantos usos nojentos?

Quando alguém morre nos dias de hoje, seu corpo geralmente é cremado ou colocado em um caixão, mas houve um tempo em que as pessoas mergulhavam os cadáveres em mel. Esse processo, chamado de melificação, essencialmente transformava um ser humano em uma múmia coberta de mel. O corpo seria colocado em um caixão embebido em mel e durava por até cem anos. Mas a pior parte é que às vezes as pessoas o comeriam.

Aparentemente, a mistura de humanos de 100 anos embebidos em mel deveria ser incrivelmente curativa. As pessoas acreditavam que a combinação poderia curar doenças e consertar membros quebrados.

Houve um tempo em que as pessoas iam todas juntas ao banheiro, completamente expostas. O local tornou-se até mesmo um ponto de encontro para conversar e socializar. Também não havia papel higiênico naquela época, então eles usavam coisas como palitos embrulhados em pano e mergulhados em água ou até mesmo folhas. Isso soa doloroso, estranho e bastante insalubre no mundo de hoje. Embora hoje as pessoas ainda usem o banheiro juntas em lugares públicos, pelo menos existem divisórias para tornar a experiência mais privada.

No geral, a configuração do banheiro romano dificilmente poderia ser considerada higiênica pelos padrões de hoje. E se você fosse o responsável por sua limpeza, sua vida seria horrível.

Nos dias vitorianos, as mulheres consumiam giz de verdade. Não porque era algo saboroso, mas sim porque era conhecido por tornar os lábios brancos, o que aparentemente era uma tendência de beleza na época. As mulheres até espalhavam o pó de giz em seus rostos: quanto mais pálidas elas parecessem, melhor. No entanto, essas mulheres vitorianas não sabiam que seus produtos de beleza eram altamente viciantes e até venenosos. A beleza realmente era uma dor para elas.

Felizmente, essa tendência acabou morrendo quando os efeitos colaterais foram trazidos à atenção das pessoas. Mas não demoraria muito para que a próxima coisa grosseira ou venenosa surgisse.

Olhando para trás no tempo, não há dúvida de que a higiene pessoal, os tratamentos médicos e as escolhas de beleza das pessoas eram totalmente repugnantes. Outra prática grosseira dos anos 1700 tem a ver com a maneira como estilizavam os cabelos. Era altamente elegante para as pessoas usarem seus cabelos com muito volume. Mas como elas conseguiam esse penteado? O cabelo permanecia no lugar com a ajuda de uma pomada, geralmente feita de banha de porco ou de ovelha.

Elas espalhavam a banha de porco no cabelo, semelhante ao gel de cabelo moderno, e passavam dias sem lavá-lo, atraindo insetos e liberando um odor fétido.

A era elisabetana foi uma época cheia de técnicas de beleza bizarras e, quando se trata de cabelo, a lista de práticas grosseiras é interminável. Quando as mulheres daquela época queriam clarear o cabelo, elas precisavam de algo com amônia. Por que? Bem, a amônia atua como um agente de branqueamento que ilumina as madeixas. Mas o que continha amônia naquela época? A urina. O bom e velho xixi.

As mulheres encharcavam o cabelo com xixi apenas para conseguirem uma cor mais clara, que simplesmente soa absurdo atualmente. As distâncias que as pessoas percorriam pela beleza eram surpreendentes.

No mundo moderno, muitas vezes somos encorajados a clarear os dentes, pois isso é um sinal de limpeza. No entanto, nem sempre foi assim. Na verdade, era popular nos países do Sudeste Asiático e no Japão tingir os dentes de preto. Embora possa parecer assustador para a maioria das pessoas, elas usavam uma substância semelhante a um esmalte que deveria preservar os dentes e impedi-los de apodrecer. Acreditava-se até ser extremamente bonito.

Embora essa prática quase não exista mais, em alguns lugares esse costume continua em uso. Os padrões de beleza ocidentais chamariam isso de tabu.

Normalmente a visão de um castelo é de tirar o fôlego, e o fosso que o rodeia parece ser um pequeno lago sereno e bonito. Mas há um segredo que a maioria das pessoas não sabe: os fossos que cercavam os castelos não estavam apenas cheios de água. Era prática comum despejar dejetos humanos na água, transformando-a efetivamente em um esgoto. Isso resultava em fossos com um cheiro horrível que você preferiria evitar a todo custo.

Não havia drenagem adequada ou sistema de esgoto durante os tempos medievais, então os fossos faziam esse trabalho. Os empregados também despejavam comida e lixo neles.

Nos anos 1500, a sífilis, uma doença sexualmente transmissível, surgiu em toda a Inglaterra, e seus efeitos colaterais eram cruéis. As pessoas experimentavam feridas, cegueira, demência e até mesmo perda de cabelo extrema. Muitas tinham vergonha de terem ficado carecas, então o uso das perucas popularizou. Luís XIV chegou a contratar 48 pessoas diferentes cuja especialidade era a confecção de perucas, e isso se tornou a mais nova moda. As perucas consistiam em cabelo humano e, às vezes, de cavalos e cabras.

As perucas poderiam servir a múltiplos propósitos: esconder os efeitos da sífilis e da calvície, e servir como um símbolo do pertencimento à classe alta.

Quando as pessoas ricas perdiam os dentes, elas tinham a opção de substituí-los por próteses dentárias. Mas não apenas uma prótese regular qualquer, mas sim feitas de dentes reais. Nos anos 1800, elas foram apelidadas de “dentes de Waterloo” porque a maioria dos dentes dos soldados mortos na Batalha de Waterloo foram usados. Era um processo bastante horrível: as pessoas andavam pela cena da batalha e colhiam dentes dos cadáveres dos soldados e depois os vendiam.

Dentaduras com dentes reais, pertencentes a soldados mortos, no entanto, são perturbadoras e assustadoras de se pensar hoje em dia. No entanto, os ricos da época não tinham nenhum problema em usá-las.

Muitas pessoas ostentam sua riqueza com mansões gigantescas, carros esportivos de luxo, joias caras e roupas de grife. Mas você acreditaria que houve um tempo em que um sinal de riqueza era ter dentes podres? Acredite ou não, dentes podres eram populares e serviam como símbolo de status, pois significava que a pessoa consumia açúcar. O açúcar era uma mercadoria cara e rara que tinha que ser importada, e as pessoas comuns não podiam pagar por ele.

A rainha Elizabeth I era conhecida por sofrer de dentes podres, e as pessoas de classe baixa começaram a manchar as suas gengivas e dentes para imitar a sua aparência.

Os engraxates estavam por toda parte durante toda a era vitoriana. Muitas vezes você os via com um pequeno bloco para você colocar seu sapato que eles poliam, limpando toda a sujeira da rua fazendo-os parecer novos. No entanto, a graxa de sapato mais popular e acessível usada era um produto químico forte: o nitrobenzeno, que poderia causar sérios problemas de saúde, especialmente após exposição repetida.

O nitrobenzeno era tão venenoso, que podia fazer com que as pessoas desmaiassem e, para quem trabalhava diariamente com ele, podia levar à morte – um preço considerável a pagar por sapatos limpos.

A sífilis foi difundida em 1500, e os médicos descobriram o que pensavam que seria a cura. Dosar as pessoas com mercúrio parecia fazer o truque. Os pacientes seriam esfregados com pomada de mercúrio várias vezes ao dia, apesar dos intensos efeitos colaterais. O tratamento duraria anos. No entanto, era conhecido por causar úlceras, perda de dentes e insuficiência renal. O tratamento com mercúrio sozinho poderia matar os pacientes antes que a doença o fizesse.

É uma loucura pensar que antigamente era considerado como se fosse uma boa ideia o uso do mercúrio para se livrar de uma doença geral. Dá para ficar pior do que isso?

Hoje não é incomum que as pessoas acordem e se dirijam direto ao banheiro para escovar os dentes, geralmente usando pasta e escova de dente. No entanto, os antigos gregos e romanos usavam ossos esmagados, carvão e cérebros de ratos para limpar os dentes. Isso mesmo, cérebros de ratos. Embora repulsiva e assustadora para uma pessoa moderna, esta era uma prática comum usada por muitos quase diariamente como uma forma de higiene dental.

Essa descoberta só leva ao pensamento de que não há dúvida de que o hálito daquelas pessoas devia ser insuportável. Esta é uma prática de higiene que nunca mais deve voltar.

Era uma prática comum usar sanguessugas para tratar várias condições médicas. Havia uma obsessão com esses vermes sugadores de sangue, que seriam mantidos em frascos e vistos como a ferramenta médica mais confiável e valiosa. As sanguessugas eram colocadas na pele de um paciente e deixadas para sugar o seu sangue por longos períodos de tempo. Aparentemente, isso livraria a pessoa do sangue contaminado e, portanto, libertaria a pessoa da doença.

Os médicos muitas vezes prescreviam sanguessugas como tratamento. No entanto, hoje em dia isso é conhecido por causar mais mal do que bem. Aqueles tempos eram muito sombrios, e as suas práticas bizarras parecem nunca acabar.

O parto é uma experiência intensa e dolorosa, mas durante a Idade Média era um pesadelo. Era muito comum que as mulheres morressem durante o processo, embora as parteiras fizessem tudo o que pudessem para aliviar a dor. Uma prática desta época que se acreditava ajudar era esfregar uma mistura de fezes de águia e água de rosas nas coxas da mulher, pois acreditavam que isso aliviaria qualquer dor e ajudaria o parto a ocorrer sem problemas.

É difícil acreditar que qualquer um desses métodos realmente funcionava como pretendido. O pensamento de esterco de águia espalhado pelas pernas soa muito nojento.

Ao longo da história, os médicos tinham uma crença generalizada de que as dores de dente eram o resultado de um verme roendo os dentes. Obviamente, os médicos do passado não entendiam muito sobre cáries e, em vez disso, confiavam em suas superstições. Eles compilaram muitos tratamentos para combater esses minúsculos vermes dentários. Um tratamento consistia em encher a boca com a fumaça de um cigarro ou de uma vela que em seguida seria cuspida em uma tigela de água morna.

Dizia-se que esta era a única maneira de se livrar dos vermes dos dentes. Pelo bem de seus dentes, fique feliz por viver no século XXI com a medicina moderna.

Você já acordou no meio da noite com um súbito desejo de ir ao banheiro? Séculos atrás, eles tinham uma solução para isso. As pessoas mantinham potes perto de suas camas e os usavam durante toda a noite. E então, de manhã, você o despejaria. Ou se você tivesse sorte, seus servos o esvaziariam para você, e você nunca veria nada. Não muito sanitário, mas bastante conveniente.

Se os potes de urina e fezes ficassem debaixo da cama por horas a fio, o cheiro ficaria incrivelmente desagradável. No entanto, essas práticas de higiene só pioram.

Você deixaria um barbeiro ou cabeleireiro arrancar seus dentes? Essa parece ser uma pergunta estranha, certo? Bem, era comum há centenas de anos ter esses serviços feitos no mesmo lugar. Os barbeiros eram vistos como capazes de realizar diferentes ofícios e realizavam pequenas cirurgias. Eles cortavam o cabelo, arrancavam dentes em decomposição e até aplicavam sanguessugas para tratar doenças. É tão estranho que esses serviços fossem feitos no mesmo lugar.

Mas novamente, a maioria das práticas daqueles tempos não faz sentido para a pessoa moderna. Então, quanto mais estranho pode ficar?

Os antigos gregos e romanos tinham um amor pela planta Silphium. Eles a usavam para tratar muitas doenças como cáries dentárias, mordidas, inchaços, e até mesmo como uma forma de controle de natalidade. Muitas mulheres bebiam uma mistura desta erva, alegando que era um afrodisíaco. Os romanos passaram a amar tanto esta planta, que ela acabou extinta. Provavelmente isso foi uma coisa boa, no entanto, uma vez que esse não era um método adequado para o controle de natalidade.

Teorizou-se que a forma da semente da amada planta parecia um coração, o que inspirou a forma usada na moeda romana.

Lavar suas roupas geralmente consiste em jogá-las em uma máquina de lavar com um pouco de sabão e deixá-la fazer todo o trabalho. Se você tiver sorte, também tem uma secadora e suas roupas são lavadas, secas e limpas em poucas horas. No entanto, houve um tempo em que as pessoas limpavam suas roupas à mão e as encharcavam com urina envelhecida. A amônia na urina tiraria quaisquer manchas presentes na roupa.

Embora isso pareça nojento, era a maneira mais eficaz de limpar roupas na época. Apenas fique feliz por isso ser uma coisa do passado.

Pentear o cabelo faz parte da rotina diária da maioria das pessoas, mas em 1800, a maioria dos pentes e escovas eram feitos de marfim. Isso os tornava inacessíveis inicialmente, porque o marfim era muito caro e, no início dos anos 1900, uma alternativa foi criada. Os pentes começaram a ser produzidos com um material chamado celuloide. Só que havia um grande problema com esses novos pentes: eles pegavam fogo e explodiam com frequência.

O celuloide nem precisava ser tocado por uma chama para pegar fogo. Se estivesse perto de uma fonte de calor, entraria em combustão. Infelizmente, algumas pessoas morreram enquanto penteavam suas barbas ou cabelos.

Todo mundo pode atestar que uma das coisas mais irritantes é quando uma mosca fica te circulando e zumbindo no seu ouvido. Os faraós egípcios não eram estranhos a isso, mas chegaram a uma solução, embora estranha e ligeiramente grosseira. A fim de manter as moscas e outros insetos longe do Faraó, seus servos teriam que passar mel em todo o corpo. Isso atrairia todos os insetos para eles, mantendo-os longe de seu governante.

Esta solução pegajosa funcionava, mas devia ser absolutamente insuportável. Os servos provavelmente ficavam pegajosos por dias e os banhos, como você os conhece hoje, ainda não existiam.

Os anos 1500 foram uma época estranha, cheia de práticas preocupantes. E quando se trata de controle de natalidade para mulheres, não é surpresa que as técnicas usadas eram inacreditáveis. As mulheres bebiam uma poção tão horrível, que apenas ouvir sobre ela fará seu estômago revirar. A bebida era uma mistura de luar com testículos moídos de castor. É uma triste e perturbadora realidade que estas eram as medidas que as mulheres tinham que usar para evitar a gravidez.

Embora você possa ficar em dúvida se esse método realmente funcionava, é bom saber que as alternativas modernas não incluem partes do corpo de um pobre castor.

Conversar com alguém da era vitoriana devia ser difícil por conta dos cheiros. Escovar os dentes não era muito comum e, considerando que mesmo quando as pessoas o faziam elas usavam urina, ervas queimadas e vinho, é difícil imaginar que cheiravam bem. Muitas vezes elas usavam uma combinação de ervas queimadas como alecrim ou até mesmo vinho gargarejado como enxaguante bucal. Não há como alguém se sentir revigorado depois disso, então a prática é bastante intrigante.

Parece que a maioria das práticas de higiene que as pessoas usavam no passado fazia mais mal do que bem. Felizmente, temos a pasta de dente hoje em dia.

A vida na Idade Média parecia desconfortável e bastante repugnante. Como absorventes e tampões ainda não tinham sido inventados, as mulheres tinham que improvisar sempre que menstruavam, usando algo que se assemelhava a roupas íntimas forradas com trapos. Se fossem particularmente pobres, os trapos eram encharcados de musgo para absorver o sangue. Não é uma experiência divertida, sanitária ou reconfortante. As mulheres que viveram durante esse tempo devem ter sido muito infelizes.

As mulheres medievais não tinham o luxo de ir à farmácia para comprar absorventes ou tampões. Seus métodos de sobrevivência eram necessários, porém, infelizmente terríveis.

As pessoas de 1800 não tinham preocupação ou medo de germes e bactérias. Quando se tratava de realizar qualquer tipo de cirurgia, os médicos nunca esterilizavam as ferramentas usadas. Isso não foi sequer um conceito trazido à atenção das pessoas até o final do século. Isso colocava as pessoas em alto risco de infecção, porque os mesmos instrumentos não limpos eram usados de pessoa para pessoa e podiam muito bem espalhar doenças potenciais.

Se isso não fosse assustador o suficiente, também não havia um anestésico decente, então quando você era cortado, você sentia a dor do corte. Realmente algo saído de um filme de terror.

As mulheres sempre compram produtos diferentes para melhorar as suas aparências. Os padrões de beleza estão mudando constantemente, mas inevitavelmente sempre visam as mulheres, e os séculos 16 e 17 não foram diferentes. Uma tendência da época era ter pupilas grandes e dilatadas e bochechas rosadas puramente para fins estéticos, mesmo que a única maneira de conseguir isso fosse comendo uma planta muito venenosa chamada beladona. Os efeitos colaterais eram horríveis, mas, novamente, a beleza dói.

As mulheres arriscariam sofrer dos efeitos colaterais graves da ingestão desta planta como insuficiência cardíaca, alucinações, úlceras e dor de estômago severa. Valia a pena?

A calvície de padrão masculino é experimentada no mundo inteiro. No entanto, pode fazer com que muitos sintam vergonha com a perda de cabelo. No século XVI, a busca por uma solução começou e as coisas que as pessoas inventavam eram perturbadoras. Para aqueles que não gostavam de usar uma peruca, uma solução que pudesse ser aplicada à cabeça careca era a próxima melhor aposta. Você consegue adivinhar qual era a mistura que eles inventaram?

Eles achavam que uma mistura de excrementos de frango e potássio misturados e aplicados como loção em sua cabeça estimularia o crescimento do cabelo, embora isso nunca tenha realmente dado certo.

Quando as mulheres não têm acesso ao controle de natalidade, as soluções podem se tornar perigosas. As mulheres eram frequentemente usadas como cobaias para testar se várias substâncias funcionavam ou causavam algum efeito colateral. Neste caso, Lysol, uma solução desinfetante de limpeza, foi anunciada como efetiva. O controle de natalidade nos Estados Unidos não era legal, mas os anúncios para este produto promoviam seu uso como um salvador para a gravidez e todos os outros problemas de higiene feminina.

Como você pode ter adivinhado, o desinfetante agressivo não era bem sucedido ou seguro para ser usado nas regiões íntimas. Apenas o pensamento pode causar arrepios na espinha.

A rainha Elizabeth I era conhecida por ostentar uma aparência não natural e muitas vezes usava maquiagem à base de chumbo para parecer extremamente branca. Durante essa época, a pele pálida era muito popular e muitos a copiaram, esforçando-se para replicar sua pele pálida. O ato de passar chumbo na cara para conseguir isso era muito comum e incrivelmente ruim para a saúde. Acredita-se até que a rainha Elizabeth acabou morrendo de envenenamento por chumbo.

Muitos pensavam que a rainha cobria seu rosto com este pó facial feito de chumbo para cobrir cicatrizes de varíola e manchas. Em última análise, aqui está outro exemplo de beleza que causava dor, ou neste caso, morte.

Como você se sentiria se toda vez que fosse tomar banho, usasse uma grande piscina com todos os seus amigos? Meio estranho, né? Bem, na Idade Média isso não era algo incomum. Os balneários eram uma maneira comum de se limpar e socializar. Claramente, as pessoas que viveram durante esse tempo tinham visões distorcidas de limpeza. Sentar em uma piscina quente cheia de sujeira não parece uma ótima ideia.

Talvez até seja divertido tomar banho com um grupo de amigos, mas ter um banho privado é muito melhor. Não há exagero quando se diz que a higiene naquela época era essencialmente inexistente.

Pisos de junco foram populares durante toda a Idade Média até o século XVI. Era uma combinação de ervas e gramíneas compactadas e espalhadas pelo chão como um tapete. Seu objetivo era fornecer isolamento e encher as casas com uma fragrância doce. Infelizmente, também eram um terreno fértil para bactérias e insetos. Na maioria das vezes, tinham resíduos animais e restos de alimentos e bebidas.

A camada superior seria trocada semi-regularmente, mas era comum apenas jogar grama fresca no topo, deixando a camada inferior imunda. Podia levar décadas até que fosse devidamente removido e substituído.

Como todos sabemos, perder muito sangue pode levar à morte. Então, nos velhos tempos, as pessoas tinham que descobrir maneiras de parar o sangramento de ferimentos graves antes que as vítimas sangrassem e morressem. A solução era cauterizar as feridas usando um pedaço de metal segurado sobre um fogo para que estivesse fervendo. No entanto, as queimaduras causadas por isso eram tão intensas, que se a pessoa não morresse pela perda de sangue, morreria da dor da cauterização.

Esta era soa como pura dor, nojo e horror. Se já houve um momento para sermos gratos por vivermos com as invenções modernas, é agora.

É surpresa que as pessoas cheirassem mal durante a era vitoriana? Certamente, seres humanos têm odores corporais independentemente do período em que vivem ou viveram, mas com a falta de práticas adequadas de higiene, as cidades cheiravam absolutamente mal. Uma maneira de combater isso era carregando buquês de flores perfumadas. Dessa forma, você poderia andar e cheirar as flores o dia todo sempre que sentisse algum cheiro ruim. O que acontecia com bastante frequência, como você pode imaginar.

Especialmente em um dia quente, a cidade estaria cheia de cheiros pútridos que poderiam ser absolutamente insuportáveis, por isso, se você tinha algo para cheirar como flores ou um lenço perfumado, você era uma pessoa de sorte.

É bastante sabido que antigamente as pessoas não comiam com utensílios, e em muitas partes do mundo, até hoje esta é uma prática comum. Mas isso é particularmente nojento porque as pessoas da Idade Média não estavam interessadas em lavar as mãos. Portanto, quando comiam sem utensílios, comiam com as mãos cheias de bactérias e germes. Parece apetitoso, não?

Apenas tente não pensar muito sobre as mãos cobertas de sujeira não lavadas alcançando pratos comuns de comida. Os tempos medievais eram realmente sombrios.

Hoje as sardas são vistas como charmosas e bonitas. Mas houve um tempo em que as pessoas pensavam que eram feias e as comparavam a verrugas e manchas. Portanto, era uma prática comum tentar livrar o rosto usando enxofre. Esta não é a primeira vez que as pessoas colocaram produtos estranhos em seus rostos na esperança de atender a algum padrão de beleza. Felizmente, sardas não são algo que as pessoas queiram remover hoje em dia.

Esfregar enxofre na pele é uma maneira fácil de se queimar, por isso, se aquelas pessoas já não estivessem sofrendo o suficiente, adicione essa prática estranha à lista.

O envenenamento por chumbo era um destino comum para os antigos romanos. Seu principal suprimento de água passava por canos feitos de chumbo, por isso não é surpresa que a exposição constante os deixasse muito doentes. As consequências dessa exposição repetida levavam a coisas como náuseas, infertilidade, dor de estômago e até morte. Apesar dos efeitos horríveis, eles continuaram a usar chumbo porque era incrivelmente barato e acessível – apenas outra coisa para adicionar à lista das práticas antigas e mortais.

A conveniência da água corrente provavelmente superou qualquer outro fator durante esse tempo. Mais uma vez, outra razão para sermos gratos pelas práticas modernas.

1738, ACARI – A CONSTRUCÃO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E A PARTICIPAÇÃO DO SARGENTO MOR MANUEL ESTEVES DE ANDRADE NA SUA EDIFICAÇÃO

Jayme da Nóbrega Santa Rosa – ACARI – FUNDAÇÃO HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO, Editora Pongetti, Rio de Janeiro, 1974, Capítulo VI, Páginas 38 a 44.

Um dos novos donos de fazenda no Acari era o Sargento-mor[1] Manuel Esteves de Andrade, que se transportou da Paraíba. Foi residir na sua fazenda do Saco. Chegou solteiro, como tantos outros.

Frequentemente mandava chamar, para residir com ele no Seridó, sua mãe, que era baiana, muito católica, e temerosa não o acompanhara. Esta respondia que, enquanto não houvesse nas proximidades da fazenda uma igreja para o culto, não poderia atender ao chamado.

Então, o filho deliberou construir uma capela. Para isso, encaminhou, em 1736, a dom José Fialho, bispo de Pernambuco, em Olinda, uma petição, com a necessária justificativa. Eis o traslado da petição e provisa (respeitada a ortografia):

Sobre esse antigo templo religiosos, Luís da Câmara Cascudo escreveu o seguinte texto em uma ACTA DIURNA de 1943 – “Quando saí, descendo a escadinha e alcancei a praça, luminosa, no dia tropical, saudei a capelinha silenciosa. Ali começara o Seridó”. Foto – Rostand Medeiros.

Illustrissimo senhor. Dis o Sargento Mor Manuel Esteves de Andrade morador no districto do curato de Piancó que elle pertende erigir hua capella com a invocação de N. S. da Guia, no lugar xamado Acari districto do dito curato, para o fim de sua alma e dos mais moradores circunvisinhos, por ficarem distantes de sua Matris oito dias de viagem, para cujo fim tem junto muita pedra, lhe fez a escritura do patrimonio que apresenta em meia legoa de terra que rende todos os annos de arendamento – deis mil reis, os quais aplica p.ª os paramentos, reparação, fabrica da dita capela por tanto pide a vossa Illustrissima lhe faça mercê atendendo ao muito serviço de Deos que se seguirá coma ereção desta capela conceder-lhe licença para apuder erigir, estando de todo acabada, e ornada com, os paramentos necessarios o seu Reverendo Parocho a possa benzer e nella celebrarem-se os divinos officios, e já os moradores daquelle lugar alcansarão licença que apresentão para apuderem erigir por ter sido vossa Illustrissima informado do Reverendo Parocho ser util, em numerario, e receberá mercê. Para provisão para se erigir a capella na forma do estilo. Olinda onse de Novembro de mil sete centos, e trinta, e sete estava a firma do Illustrissimo Senhor Bispo. Dom José Fialho por mercê de Deos, e da Sancta e Apostolica Bispo de Pernambuco, e do concelho de sua Magestade, que Deos o goarde e d.ª pela presente concedemos licença ao Sargento Mor Manoel Esteves de Andrade, para que possa erigir a capela de N. S. da Guia no lugar xamado Acari do curato de Piancó erecta na forma da nossa constituição dada em Olinda sub nosso signal, e sello aos dose dias do mês de Novembro de mil sete centos trinta, e sete, eu Miguel Alvares Lima escrivão da Camera Episcopal o escrevi estava a firma do Illustrissimo Senhor Bispo sello valla sem sello ex causa seis mil tresentos, e vinte. Monteiro Registada a folhas cento, e setenta, e nove no Livro trese do Registro Olinda dose de Novembro de mil sete centos trinta, e sete”… etc. etc.[2]

Fonte – httpsblogger.googleusercontent.com

Como se vê, o bispo de Pernambuco despachou desta forma:

pela presente concedemos licença ao Sargento Mor Manoel Esteves de Andrade, para que possa erigir a capela de N. S. da Guia no lugar xamado Acari do curato de Piancó erecta na forma da nossa constituição”.

Construída a capela numa pequena esplanada em nível superior ao povoado, com a frente para o norte e a parte posterior para o casario pobre, voltou o Sargento-mor à presença da autoridade eclesiástica para solicitar o documento que autorizasse a bênção do templo e a realização dos ofícios religiosos.

Diz o Sargento Mor Manoel Esteves de Andrade morador no certão do Acari freguesia do Piancó donde elle Sup. tem erecto hua capela invocação N. S. da Guia com provisão de vossa Illustrissima, para effeito de se benser por estar acabada, e ter os paramentos necessários So lhe falta provisão pide a vossa Illustrissima seja servido mandar provisão para se benser a dita capela estando na. forma da constituição pelo seu Reverendo Parocho, ou sacerdote de sua licença pelos longes do dito lugar e se puder diser nella missa, e os mais divinos officios, e receberá mercê”.

Fonte – Livro “Cartas dos Sertões do Seridó”, de Paulo Bezerra, pág.83.

Atendeu o bispo em 14 de abril de 1738 com o despacho:

Passe provisão para se benser a capela na forma que se pede tendo ela os requisitos necessarios”.

Tudo legalizado, logo começou a funcionar o templo.

Cuidou o Sargento-mor de levantar ao lado esquerdo da capela, separada por um beco para trânsito de cavaleiros e pessoas a pé, uma casa de alvenaria com boas acomodações destinada a residência do pároco e sacristão, bem como a hospedagem de padres e visitadores em missão eclesiástica.

Esta casa — que se pode considerar a primeira residência da nova povoação do Acari — era acaçapada e suficientemente larga. Resistiu até 1908. Por essa época, na parte antes destinada à residência do sacristão, morava uma figura popular da cidade, a Joana Nunes, de meia idade, gorda, baixa, sempre de chapéu de massa[3] à cabeça. Morava também Paula, que fora protegida do padre Tomás (falecido em 1893), com sua filha Lourença.,.

Foi demolida a casa para em seu lugar se construir o então moderno Grupo Escolar Tomás de Araújo, prédio -atualmente ocupado pela Prefeitura Municipal.

Fonte – Livro “Cartas dos Sertões do Seridó”, de Paulo Bezerra, pág.83.

Acentua que não é fácil distinguir quais, entre tantos, eram os vigários e os substitutos, tal a ocorrência deles. Depois de organizar uma lista de padres no século XVIII, conclui: “além desses vigários, curas e capelães, os arquivos paroquiais do Seridó registram os nomes de muitos outros sacerdotes que por aqui apareciam, batizando, casando e sepultando, devidamente autorizados”.

Havia muitos padres no Seridó do passado para atender aos serviços religiosos da capela do Acari. Dom José Adelino Dantas, nascido no município de Acari e que foi bispo de Caicó, paciente investigador de documentos. em. cartórios e irmandades, diz em seu. livro “Homens e Fatos do Seridó Antigo” que na vanguarda de batedores de sertões apareceram muitos reverendos. Inúmeros requereram datas de terra, outros se tornaram. grandes proprietários de terras e prósperos fazendeiros.

Da abundância de padres nos sertões — homens dotados de instrução superior — resultou que se difundissem as letras e aparecessem tantos homens cultos em relação ao meio e à época.

Segundo o primo Sérgio Enilton da Silva, historiador e grande pesquisador da História de Acari, esta é uma das casas existentes na propriedade Saco dos Pereiras. Ainda segundo Sérgio, aparentemente essa casa poderia ser a morada de um vaqueiro conhecido como Manuel Vermelho – Fonte – Facebook

Outras casas — poucas, bem verdade — foram-se construindo em seguida à residência dos padres na direção do poente, bem como no alinhamento da capela no rumo da nascente. Essas construções que surgiam aqui e acolá eram de tijolo e telha, amplas, de duas águas, compostas em geral de sala de frente, quartos sem janela, sala de refeições perto da cozinha, despensa, e um quintal nos fundos, com quartos para serviçais e secreta ou comua[4], cercado por muro alto. Mobiliário: na sala da frente, sofá e cadeiras; na sala de refeições, mesa e bancos; nos quartos, arcas, baús e redes de dormir; na dispensa, jirau.

De propriedade dos fazendeiros mais prósperos essas casas não serviam de habitação normal; abriam-se nos dias de missa, de feira, de festas religiosas ou de casamento na família. Representavam uma espécie de luxo, uma demonstração discreta de vitalidade econômica.

Por haver erguido a capela e tomado as medidas complementares, considera-se como fundador do Acari o Sargento-mor Manuel Esteves de Andrade. Os documentos escritos e a tradição oral só se ocupam dele em relação à capela. Não se contam histórias de sua vida de fazendeiro, não se fala de sua atuação nos assuntos regionais.

Não se sabe se ele voltou à Paraíba ou se foi para algum outro ponto do litoral, ou para algum lugar no sertão, ou ainda se permaneceu tão isolado no Saco que somente as pessoas a ele mais chegadas lhe conheciam a vida particular. De outra parte, não se tem conhecimento se sua mãe veio para o Acari, ou se veio e voltou logo. 

Fonte – httpsblogger.googleusercontent.com

Com o fim de obter mais algumas informações a respeito do Fundador, que tenham veracidade, resolveu o autor empreender uma pesquisa de campo no próprio lugar onde ele viveu há mais de 230 anos, o Saco dos Pereiras. Para isso, saiu do Acari às 6 horas de 4 de outubro de 1972, em automóvel, na companhia de Edmundo Gomes da Silva, bom conhecedor de pessoas e fatos do Seridó antigo, descendente do Capitão-mor Francisco Gomes da Silva, e na companhia do “Brigadeiro”, primo e dono do carro, jovem descendente do Capitão-mor Galvão, para entrevistar moradores da localidade.

Da análise das informações preliminares, foram escolhidas quatro pessoas para ser entrevistadas. Os dados colhidos, devidamente criticados, permitem as seguintes conclusões:

  1. Manuel Esteves de Andrade pretendia inicialmente erguer a capela no Saco dos Pereiras, numa pequena área plana, a uns 200-250 metros da sede da velha, Fazenda do Saco, onde morou José Sancho[5], no pátio da qual tanto gado se derrubou, e onde hoje reside Júlio Gomes de Araújo. No exíguo planalto encontra-se a casinha de Orestes Pereira, pai de Francisca Elita. Nesse sítio viveram os Nunes, oleiros e louceiros que abasteceram o Acari e várias casas de fazendas com telhas, ladrilhos, jarras, potes, alguidares, panelas, etc. Muito antes de se tornarem famosas as peças do artesanato de Caruaru, já os Nunes faziam bonecos de barro e muitas outras figurinhas, como bois, cavalos, vaqueiros. Em virtude da pouca capacidade do riacho do Saco para suprir água a uma futura povoação, Manuel Esteves desistiu do plano inicial e FER o aglomerado junto ao poço dos acaris.
  2. Manuel Esteves de Andrade não deixou descendentes. Mas seus parentes, que com ele viveram no Saco, deixaram. Uma pessoa da família do Fundador muito conhecida foi Chiquinha Viúva, que faleceu por volta de 1947, com mais de 90 anos de idade. Era mãe de Sebastião da Viúva, famoso vaqueiro de José Sancho. Francisca, Elita, moça bastante morena, muito simples, moradora no lugar, é bisneta de Chiquinha. Cuida de Agostinho Pereira, que se transferiu do Brejo do Cruz com o pai, Sebastião Cassiano Pereira, em 1899, e conheceu de perto Chiquinha, a qual era comadre, isto é, parteira.
  3. Manuel Esteves de Andrade, depois de erigir no Acari a capela e a residência destinada aos padres, levantou a sua casa da rua, no ponto, a noroeste do templo, onde depois Félix Pereira de Araújo (Félix Maranganha) construiu a sua própria. Era pequena à casa do Fundador e junto dela havia um curral de vacas. Esta informação reveste-se de lógica. Em primeiro lugar, as casas tinham então reduzidas dimensões. Em segundo, se Manuel Esteves construiu capela, casa de padres e doou terras para o patrimônio paroquial, de certo frequentaria o Acari para assistir aos ofícios religiosos, necessitando de um pouso para estacionar e de um curral para prender seu animal de sela. Se o curral era de vacas, de duas uma: ou na casa moravam pessoas de sua escolha, talvez parentes, que precisariam de leite; ou o fazendeiro levaria vacas quando tivesse que passar dias no povoado. Foram valiosas e esclarecidas as informações de Júlio Gomes de Araújo, filho de Pacífico Gomes da Silva (Cicio Gomes) e neto de Manuel Gomes da Silva, que foi chefe local do Partido Conservador no Segundo Reinado. Esclarecedoras se mostraram também as notícias dadas por Joaquim Silvério Dantas. E aqui acaba a pesquisa de campo.  

Na cidade do Acari mora um membro da família de Manuel Esteves de Andrade. Trata-se de Neônio Manuel dos Santos, agente fiscal da Prefeitura Municipal. Ele descende de Chicão, sobrinho do Fundador..

Foto – Rostand Medeiros.

Chicão (Francisco Pereira da Silva) foi pai de Manuel Pereira da Cruz, que no Saco requereu data de terra; deste proveio Sebastiana, que casou com João Manuel da Silva; do casal nasceu Manuel José Maria; do casamento deste procede Antônio Manuel dos Santos; este marinheiro (corado, de olhos azuis) casou com moça da família Nunes, morena, e foram os genitores de Neônio.

Por coincidência, Neônio trabalha hoje no local preciso em que seu parente longínquo construiu a primeira casa do novo Acari, que se afastou discretamente dos casebres da beira do rio.

NOTAS ORIGINAIS DESSE CAPÍTULO


[1] Sargento-mor. Posto equivalente ao de Major, atual mente. Era em parte honorífico.

[2] Petições e provisões. De acordo com registro no “Livro do Tombo”, sob guarda da Irmandade de Nossa Senhora da Guia, em Acari, para o qual se passaram petições e provisões que se achavam lançadas no “Livro velho”.

[3] Chapéu de massa. O mesmo que chapéu de feltro, isto é, de estofo de lã ou de pelos devidamente processado.

[4] Secreta ou comua. Expressões que correspondem a privada, latrina.

[5] José Sancho. Figura singular de fazendeiro. De temperamento crítico, irônico. Organizado, de espírito criador, providenciava o lugar certo para ferramentas, utensílios e gêneros alimentícios. Alto, magro, corado, rosto raspado, conversador mordaz, não frequentava a sociedade local; seu mundo era o Saco dos Pereiras. Ali morou desde que casou: primeiramente na antiga sede da Fazenda; depois na casa das Pinturas, com porão, bem ampla, das melhores de todo o Seridó, feita a capricho, com muitos cômodos, inclusive uma Sala dos Vaqueiros e um Salão de Fazer Queijo com grandes giraus para armazenamento. A Fazenda do Saco veio-lhe às mãos procedente do Padre Modesto, antigo proprietário. i José Sancho era filho de Félix, dos Garrotes, e irmão de Francisco Raimundo, Joaquim da Virgem e Félix Maranganha. Cortava e cosia seus próprios ternos de brim encorpado, seguindo moldes de perneira e gibão de couro. Possuía um burro de sela muito grande, habilidoso, que subia escada e entrava de casa a dentro, com mancha branca na testa, ao qual chamava Dr. Estrela, para zombar da mania de doutores.

OS VELHOS CAMINHOS DO RIO GRANDE DO NORTE

Luís da Câmara Cascudo – Publicado originalmente no livro HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE, Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1955. 1ª EDIÇÃO, Capítulo XIII, páginas 307 a 312.

A primeira estrada conhecida no Rio Grande do Norte e, durante séculos, a mais trilhada, foi pelo litoral, beirando quase o mar, rumo da Paraíba. Os colonizadores vieram pelo Atlântico, mas a parte da tropa que devia vir por via terrestre recuou na baía da Traição ante a peste de bexigas. Mascarenhas Homem, fundador do Forte dos Reis Magos, regressou por terra. Esse primeiro caminho teve, no correr da guerra contra os indígenas no final do século XVII, uma série de casas fortes, protegendo o trânsito que seria relativamente vultoso. Vinha-se pela baía da Traição ou Mamanguape, Tamatanduba, Cunhaú, Goianinha, Guaraíras (Arês), Mipibu, Potengi, Utinga, ou seguindo o vale do Cajupiranga, diretamente a Natal. A jornada para o interior ia até o vale do Ceará Mirim, limite do conhecimento geográfico, útil até mesmo depois da expulsão do holandês em 1654.

Fortaleza dos Reis Magos no período colonial

Quando o mestre de campo Luís Barbalho Bezerra realizou a famosa contramarcha de fevereiro-maio de 1640, calcou a estrada já histórica. O genealogista Pedro Taques diz ter sido o desembarque a 7 de fevereiro no porto de Aguaçu, topônimo desaparecido, junto ou nos arredores da atual cidade de Touros. Em nomeações reais encontro baixios de São Roque. O caso é que Barbalho Bezerra veio até o Potengi, quase vendo Natal ou vendo, onde se bateu, derrotou e aprisionou Joris Gartsman, capitão flamengo do Reis Magos, e o conduziu para a cidade do Salvador. De Cunhaú é que o mestre-de-campo escreveu ao conde de Nassau pedindo passagem. Encontramos sua espada vencendo Alexandre Picard em Goiana. Era a trilha secular para ó sul, Natal, vale do Cajupiranga, vale do Capió, Cunhaú, rio Guaju para a Paraíba e daí para Pernambuco, por Mamanguape e Goiana como ainda nos nossos dias é a maior rodovia interestadual.

Riacho seco no Vale do Cafundó, zona rural da cidade pernambucana de Flores, Região do Pajeú. No passado essas eram as primeiras estradas da ocupação do interior do Nordeste. – Foto de Alex Gomes.

A repressão oficial à revolta da indiaria provocou o alargamento das fronteiras corográficas. Antônio de Albuquerque Câmara bate-se em 1688 nas cabeceiras do rio Açu e entre as serras do João do Vale e Santana do Matos. A revolta abrangia as ribeiras do Açu e Jaguaribe. A zona teve de ser batida e trespassada pelas colunas militares. Nesse 1688 os paulistas vieram ajudar a corrigir a indiada e se encontraram, vindos da Paraíba, com Albuquerque Câmara que se batia no baixo Açu. Domingos Jorge Velho viera de seus currais do São Francisco, por terra e mergulhara pelo boqueirão de Parelhas, no chamado “Sertão de Acauã”, que enrolava serras e capoeirões desde os atuais Jardim do Seridó até Currais Novos. Toda essa região, Focinho dos Picos, Picuí, Caiçara e Bico da Arara, até roçar o rio Acauã, era terra do gentio da nação Canindé e Janduí (Cariri) que se alargava por Quacari, Quimbico, Quintururé, Umvibico, Amoré, Onaxi, Acinum, Quindê, Arari, Jucurutu até a misteriosa serra, do Araridu ou Papuiré até Ticoiji e Tipuí, julgadamente a serra do Coité no território paraibano. São topônimos ·cariris que orlam a peregrinação dos aldeamentos e ficaram como testemunhando a passagem dos Janduí e Canindé antes do desaparecimento. Esse povo dos Canindé foi derrotado em 1690 por Afonso d’Albuquerque Maranhão, da casa de Cunhaú, neto de Jerônimo, 1.º capitão-mor do Rio Grande. O tuxaúa Canindé, soberano do sertão da Acauã, foi batizado e tomou o nome de João Fernandes Vieira. Dois anos depois o Senado da Câmara de Natal pedia a criação de arraiais, povoados com defensão militar nos quatro pontos extremos da região pacificada: Jaguaribe, Açu, Acauã e Curimataú. As estradas ligavam entre si esses lugares e se articulavam nas duas vias-tronco para o sul, o caminho do litoral, já mencionado, e a estrada por onde nasceria a estrada das boiadas. Em 1697 os indígenas Paiacu e Caratéu, da nação cearense dos Icó que viviam desde o Catolé do Rocha até as margens do rio Piranhas, na Paraíba, fixaram-se entre as ribeiras do Apodi e Jaguaribe, formando um liame de ativa comunicação pela chapada.

Ilustração de Jean Baptiste Debret

Por onde, durante as guerras contra o cariri, entraram os Terços Paulistas, as tropas de auxílio, vindas para conter os Janduí, Icó, Paiacu, Pega e Panati insubmissos?

Desceram da Paraíba, vindos por Soledade-Picuí ou Piranhas, depois Pombal, Brejo do Cruz e Catolé do Rocha, varando a fronteira depois da reentrância paraibana, ou vinham pela mesopotâmia do Panema-Açu? As tropas que voaram em socorro de Albuquerque Câmara tomaram o primeiro caminho e as do sertanista Domingos Jorge Velho creio que escolheram o segundo, ainda hoje piso batido e tradicional.

Passada a guerra ficou a lembrança da terra pisada para baixo e para cima. Do Açu sobe-se pelo rio Paraú até o fim e apanha-se a estrada paraibana depois de Belém. Lembremo-nos que a Paraíba não tinha gado e sim açúcar. O Rio Grande do Norte possuía tanto gado que podia suprir a Paraíba, Itamaracá e Recife. Os currais paraibanos são posteriores ao domínio holandês na vigência do qual o Rio Grande exportava, de graça e a força, milhares de cabeças. Irineu Joffily (Notas sôbre a Paraíba, 124) diz que as “fazendas apareceram normalmente quando os exploradores galgaram o planalto da Borborema e os paulistas penetraram no Piancó. Depois de 1690 é que temos indícios das atividades bandeirantes dos Oliveira Lêdo no Piancó e Piranhas. Os núcleos iniciais foram o Boqueirão a leste e Piranhas a oeste até que Oliveira Lêdo reuniu e sistematizou o esquema do povoamento pela fixação das tribos disseminadas.

Estrada de rodagem do Seridó, início da década de 1920

Durante muitos anos os pontos povoados do sertão paraibano não tiveram intercomunicação. Piancó conhecia a ligação com a Bahia, e Boqueirão, nos Cariris Velhos, com Pernambuco. Entre nós, já no século XIX, sucedia o mesmo. Mossoró ia para o Aracati e Caicó para Campina Grande. O sertão escapou secularmente à capital que vegetava, humilde e minúscula, junto ao Potengi. As ligações orientavam-se para Pernambuco e Paraíba, para as grandes feiras de gado, Igaraçu, Goiana, També (Pedra de Fogo), Itabaiana e depois Campina Grande. Daí a rede de estradas e variantes que sempre aglutinaram esses lugares e os articulavam às regiões do Seridó e sertão de Piranhas, ribeira da Panema, enquanto a zona do Mossoró se escoava para o Ceará pelo chapadão do Apodi. Com o desenvolvimento do Aracati passou este a dirigir Mossoró e Mossoró ao seu sertão na linde do Oeste.

Do Mossoró, a velha estrada ia a São Sebastião (Governador Dix-Sept Rosado), como presentemente a estrada de ferro, Jurumenha, perto de Caraúbas, Atoleiros, Piranhas, Mombaça, Boa Esperança (Demétrio Lemos, atual Antônio Martins) nos batentes da serra do Martins, Carnaúba, Barriguda (Alexandria), Tabuleiro Formoso onde se bipartia. Um ramal ia para o Catolé do Rocha e outro à cidade de Sousa, tocando em Santa Rosa. Em Sousa entroncava-se com a estrada-das-boiadas que era uma reminiscência das estradas de penetração povoadora. Daí a importância de Sousa, Cajazeiras e Pombal na formação comercial de uma zona do Rio Grande do Norte. Para lá, como depois para o Caicó, envia-se o menino aos estudos do latim e o passador-de-gado, afoito e lendário.

Antiga estação ferroviária de Demétrio Lemos, atual Antônio Masrtins – Foto – Rostand Medeiros

Sousa centralizava muito e uma sua estrada vinha morrer na antiga rota dos conquistadores de Natal. Partia de Sousa e atravessava sucessivamente Catolé, Belém, Amazonas, São Miguel (já em nossa província), Serra de Santana por Flores (hoje Florânia). Santa Cruz, centro de irradiação do Seridó depois de passar a serra do Doutor nas vizinhanças de Currais Novos, daí para Nova Cruz por Campestre (São José do Campestre) onde se via o caminho que levava à Paraíba ou Pernambuco por Mamanguape. Quando se criou o correio, Mamanguape era o ponto de intersecção entre Paraíba e Rio Grande do Norte. Aí o estafeta recebia a correspondência para Pernambuco e distribuía a carga entre as duas coterminas. A posição de Mamanguape explica a predileção dos grandes latifundiários por suas terras. Os Albuquerques Maranhões, da casa de Cunhaú, possuíam vários sítios e engenhos em Mamanguape.

Vaqueiros potiguares – Foto – Rostand Medeiros

A estrada-das-boiadas na Paraíba era muito mais seguida pelos vaqueiros norte-rio-grandenses que qualquer outra nossa. Ia-se por ela para o Piauí e o Piauí, de fins do século XVIII em diante, muito valia à nossa vida de pastorícia. Irineu Joffily reconstruiu-a e posso completá-la.

Do oeste do Espinharas, ribeira de Santa Rosa, Milagres, tocando depois na lagoa do Batalhão (Taperoá), seguia-se o rio, descendo a Borborema até Piranharas e daí a Patos, Piranhas (Pombal), Sousa, São João do Rio do Peixe (Um ramal recebia a contribuição de Cajazeiras) ia-se ao Ceará pelos Cariris Novos, Icó, Tauá, atingindo-se Crateús, inesquecível pelo encontro de centenas de vaqueiros que demandavam o Piauí. Outros preferiam acompanhar a vaqueirama divertida e pousar ali mesmo, mas eram em parte menor. A maioria furava, do Tauá, diretamente para o Piauí. De Crateús comprava-se a gadaria em Santo Antônio do Surubim de Campo Maior, núcleo influenciador de cantigas sobre o ciclo do gado, Valença, Oeiras, que fora capital até 1852, Jatobá (São João do Piauí) e Picos, fornecedor dos primeiros cavalos pampas, ornamentais e vistosos, orgulho do patriarcado rural no Rio Grande do Norte. uns vaqueiros arrastavam a jornada até São Gonçalo de Amarante e outros a Jerumenha. As maiores feiras eram nas localidades citadas.

Foto – Rostand Medeiros

Os norte-rio-grandenses do oeste iam via Ceará. De Tauá para Crateús e daí seguiam galgando a Ibiapaba para Campo Maior, ·banhado pelo rio Surubim ou, dos cearenses Arneiros e Cococi, alcançavam Valença no Piauí ou em diagonal para Picos.

Essa toponímia ficou registrada na cantiga velha. Desaparecida quase a estrada das boiadas, rara a viagem do vaqueiro, a poesia tradicional guardou os nomes dos lugares de outrora. Essa toada, verdadeira canção de marcha dos vaqueiros, recorda o percurso (!) de Campo Grande (Augusto Severo) no Rio Grande do· Norte até o ·Piauí, envolvendo dois perfis femininos, cuidados amorosos do vaqueiro cantador.

Como Xiquinha não tem

Como Totonha não há;

Xiquinha de Campo Grande

Totonha do Lagamá !

Xiquinha vale dez fio (filhos)

Totonha vale dez vó. . . (avós)

Xiquinha do COCOCl

Totonha do Arneiró …

Xiquinha prá querer bem

Totonha prá carinhá;

Xiquinha é de Crateús

Totonha é lá do Tauá

Xiquinha vale uma vila,

Totonha vale ela só;

Xiquinha nasceu nos Pico (Picos)

Totonha em Campo Maió …

Um ramal da estrada das boiadas ficou popularíssimo na “cantoria”. É o do Piancó, Misericórdia, Milagres (Ceará), Missão Velha, Crato, nos Cariris Novos. Do Mossoró viajava-se outrora, como atualmente, pelo araxá do Apodi (Pedra de Abelha, atual Felipe Guerra). Outras estradas partindo de Mossoró, iam rio acima até as cabeceiras do Apodi, Portalegre, Pau dos. Ferros, São Miguel e Luís Gomes. Uma variante de Pau dos Ferros, velhíssimo rancho de comboieiros e tangedores de gado, chega a Alexandria, antiga Barriguda e seguia para Tabuleiro Formoso, pegando o caminho paraibano. De Pau dos Perros a vizinhança cearense animava as visitas por Pereiro. Do Patu ia-se para Catolé do Rocha. Do Açu caminhava-se para Campo Grande (Triunfo, Augusto Severo), Martins, no pé da serra, onde se continuava em um dos ramos para a estrada das boiadas pela Ribeira do Rio do Peixe.

Foto – Rostand Medeiros

O inverno era mais cedo. Dizia tão certo como chuva em janeiro. No Piauí as águas vinham em novembro. Iam vaqueiros de toda parte comprar bois de carro e de corte e novilhos para reprodução e engorda. Voltava-se em fins de dezembro ou começos de janeiro, tocando, para aproveitar as babugens verdes e ralas que as chuvas faziam nascer.

As datas quase infalíveis criavam ponto de reunião para que a jornada fosse menos enfadonha e monótona. Especialmente ficavam juntos no regresso para o auxílio mútuo nas travessias sem água ou passagens difíceis nos rios e riachos, estouro de boiada e moléstias súbitas na gadaria. Essas estradas todas, como vimos, em pleno sertão, determinaram a necessidade das vendas, feiras rápidas de suprimento ligeiro e descanso ao longo da rota. Fizeram casas. As fazendas se aproximaram. Ergueram a capela. Foi vila e muitas são sedes municipais.

Para o sul do Rio Grande do Norte a viagem continuava margeando. As praias, caminho feito por Nosso Senhor. Assim voltou, agonizante, Pêro Coelho de Sousa, em 1605, passando Amargosa e Guamaré na costa de Macau.

Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, município de Canguaretama, no litoral sul potiguar, onde aconteceu o Massacre de Cunhaú em 16 de julho de 1645 – Foto – https://joaobosco.wordpress.com/2007/09/22/onde-esta-a-verdade-sobre-o-masacre-de-cunhau/

Em 1810 Henry Koster fez sua excursão ao Ceará partindo do Recife, por Goiana, Espírito Santo, Mamanguape (Paraíba), Cunhaú (Rio Grande do Norte), Papari (Nísia Floresta), São José de Mipibu, Natal, Açu, Santa Luzia (Mossoró), praia do Tibau, Aracati (Ceará) e Fortaleza.

Quando o bispo de Pernambuco, Dom João da Purificação Marques Perdigão, visitou o Rio Grande do Norte em 1839, vinha do Ceará. Penetrou pelo Apodi, descansando em “Sabe Muito”, nos arredores da cidade de Caraúbas, dormindo no então povoado; almoçou em Coroas, perto da vila de Campo Grande (Augusto Severo), alcançando o Açu. Atravessou Santa Quitéria, depois Patachoca (Pataxó), vila dos Angicos e pelo seu Itinerário sabemos que o prelado veio por São Romão (Fernando Pedrosa), Santa Cruz, ambas estações da Estrada de Ferro Sampaio Correia, Riacho Fechado, Várzea dos Bois, Umari, Boa Água, Ladeira Grande, Taipu do Meio (sede municipal), Capela, no vale do Ceará-Mirim e Extremoz. É a travessia do poente ao nascente, oeste-leste. De Natal, Dom João partiu para a Paraíba repetindo quase o trajeto de Mascarenhas Homem no percurso de regresso em 1598. Natal, São Gonçalo, São José de Mipibu, Papari, Arez, Goianinha, Vila Flor, Tamanduba, Comatanduba (Paraíba), Mamanguape. É a descida norte-sul.

Pelos caminhos do sertão potiguar – Foto – Rostand Medeiros.

No interior as primitivas e grandes vias de povoamento e penetração foram as margens dos álveos dos rios Piranhas e Apodi-Mossoró. A oeste a chapada do Apodi com o rush cearense. A linha Natal-Macau estirão solitário de areias inúteis, com água rara, esteve despovoado, afora os breves oásis de coqueirais plantados na segunda metade do século XVIII em diante e que abrigaram povoações de pescadores, Genipabu (estrema do mapa de Marcgrav). Pitangui, Jacumã, Muriú, Maxaranguape, Caraúbas, Maracajaú, Touros, Olhos d’Agua, Santo Cristo, Reduto, Caiçara, Galinhos; Diogo Lopes, etc.

ANÚNCIO DE UM CAVALO PERDIDO EM ASSU NO ANO DE 1878

Rostand Medeiros – Escritor e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte

Ninguém discute o quanto é ruim e complicado o roubo de algum bem, principalmente de algum veículo. Chegar em um estacionamento e não encontrar seu carro e sua moto é complicado, situação que a cada dia se torna mais comum.

No longínquo ano de 1878, quando veículos automotores ainda não circulavam no Rio Grande do Norte, era a perda, ou o roubo, de um cavalo, um burro ou de um jumento, que tirava o sono dos potiguares.

Na notícia que segue, com a indicação do jornal, vemos o desespero do Sr. Luís José Soares de Macedo, de Açu, em busca do seu cavalo que tinha “de 4 para 5 eras”, ou seja seu animal tinha de 4 a 5 anos de vida. No anúncio, em destaque, aparece a marca ferrada do animal, a única forma de provar que o animal pertencia ao Sr. Luís Macedo.

Não podemos que em 1878 ocorria uma das mais terríveis secas já presenciadas no nordeste brasileiro. Iniciada em 1877 e encerrada em 1879, esta seca desarranjou totalmente a economia das províncias nordestinas. Provavelmente o Sr. Luís Macedo pode ter sido vítima de roubo.

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