1923 – UM CONCORRIDO CONCERTO NO TEATRO ALBERTO MARANHÃO

Quem se Apresentou e o Que foi Tocado na Festa de Despedida de Alcides Cicco?

Rostand Medeiros – https://pt.wikipedia.org/wiki/Rostand_Medeiros

Muitos podem imaginar que há 101 anos a capital potiguar era uma cidade cujo ritmo da vida era muito lento, calmo e sem maiores novidades. Isso tem muito de verdade e pode estar relacionado com o fato dessa velha urbe possuir nessa época cerca de 32.000 habitantes. Número menor que as 35.725 pessoas que em 2022 viviam no bairro de Lagoa Nova.

Mas se essa situação de calmaria e tranquilidade era normal, nas atividades artísticas do belo Theatro Carlos Gomes, atual Teatro Alberto Maranhão, a situação era bem diferente.

Inaugurado em 24 de março de 1904, após sete anos de construção, o Carlos Gomes se tornou o principal centro de apresentações culturais de Natal, com variados artistas subindo no seu palco e deleitando o público local. O interessante livro Teatro Carlos Gomes – Alberto Maranhão – 100 Anos de Arte e Cultura, do Professor Cláudio Augusto Pinto Galvão, lista um grande número de recitais, conferências, concertos, apresentações diversas e até eventos políticos que ali se ocorreram durante a sua História.

O antigo Teatro Carlos Gomes, atual Teatro Alberto Maranhão – Fonte – Fundação José Augusto.

Para impulsionar o movimento musical em Natal, em 31 de março de 1908 o governador Alberto Maranhão assinou, o Decreto nº 176, criando a Eschola de Musica, que funcionaria anexa ao teatro. Quem ficou à frente desta instituição foi o maestro Luigi Maria Smido, que além dessa função acumulou a direção da banda de música do Batalhão de Segurança (Polícia Militar). Segundo o professor Claudio Galvão, o verdadeiro nome de Smido era Luigi Maria Schmidt und Insbruck e a maioria das fontes aponta que ele era italiano.

Mas em 6 de janeiro de 1914, sete dias após ser empossado pela segunda vez governador do Rio Grande do Norte, o recifense Joaquim Ferreira Chaves extinguiu a escola de música e alegou que fazia isso por falta de dinheiro. Somente dois anos depois foi criada uma nova escola no teatro e sob o comando do italiano Thomaz Babini.

Orquestra do Teatro Calos Gomes nas primeiras dércadas do século XX – Fonte – Livro – Alberto Maranhão – 100 Anos de Arte e Cultura, do Professor Cláudio Augusto Pinto Galvão.

Essas iniciativas educacionais na área musical deixaram muitos frutos, pois uma interessante plêiade de artistas passou a existir na cidade e estes tinham no Theatro Carlos Gomes o local ideal para desenvolver a sua arte. No livro do Professor Claudio Galvão existe muitas informações sobre essa evolução e o desenvolvimento musical em Natal nessa época.

Ele nos conta que com o passar dos anos o teatro passou por altos e baixos, com momentos em que sua orquestra ficou reduzida a um sexteto e quando o local precisou de uma reforma, a luta para conseguir a verba destinada para esse trabalho foi duríssima. Mas no ano de 1922, diante as comemorações do centenário da Independência em Natal, o governador Antônio de Souza caprichou nos festejos e apoiou no que foi necessário para que o Theatro Carlos Gomes pudesse receber apresentações dignas da casa e do público natalense.

Praça Augusto Severo e Estação da Great Western of Brazil Railway em 1906, na Ribeira, na mesma área onde se encontra o Teatro Alberto Maranhão – Fonte – Fundação José Augusto.

Em meio a todos esses problemas e processos, cada vez mais crescia o número de músicos em Natal e a muitos deles mostravam extrema capacidade musical. Um desses músicos foi Alcides Cicco.

O Escriturário Que Era Barítono

Alcides Cicco nasceu em 1894 na cidade de São José de Mipibu, sendo filho de Vincenzo De Cicco, um italiano da comuna de Sapri, província de Salerno, região da Campânia, sudoeste da Itália. Vincenzo imigrou para o Brasil e casou em São José de Mipibu com Ana Albuquerque e Melo, com quem teve doze filhos. Depois ele se mudou com toda a família para Natal e se tornou comerciante.  

Alcides Cicco – Fonte – – Livro – Alberto Maranhão – 100 Anos de Arte e Cultura, do Professor Cláudio Augusto Pinto Galvão.

Sobre os primeiros anos de Alcides eu não tenho muitas informações, mas sei que ele não seguiu seus irmãos Januário na medicina e nem Celso como padre. A música falou mais alto!

Segundo o Professor Claudio Galvão, o jovem Alcides fez parte da Eschola de Musica do Carlos Gomes em 1908 e desde cedo apresentou inclinação para o canto lírico, mas também tocava violino. Existem nos antigos jornais natalenses da década de 1920, várias citações da participação de Alcides em um grande número de eventos e sempre fazendo bom uso da sua privilegiada voz.

Uma das muitas referências da participação de Alcides em eventos musicais em Natal.

Foi quando se espalhou a notícia em Natal que o virtuoso Alcides estava de partida para centros maiores e mais desenvolvidos, em busca de aprimoramentos para a sua capacidade artística. E seria com tudo pago pelo erário público e com direito a Lei proferida pelos altos dirigentes do Estado. Enfim, não dava mesmo para um 4º Escriturário do Tesouro do Rio Grande do Norte bancar do próprio bolso dois anos de estudos musicais lá fora.

Diante da notícia, a classe musical local decidiu realizar um evento no Theatro Carlos Gomes. Ficou acertado que aquele acontecimento se chamaria pomposamente “Festival de Artes e Letras”, seria dedicado ao governador Antônio de Souza e teria a participação de Luigi Maria Smido, Thomaz Babini, o jovem músico Waldemar de Almeida e outros mais. Apesar do nome oficial, todo mundo em Natal sabia que a festa era o “bota-fora” de Alcides Cicco para o Rio de Janeiro…

Finalmente, às oito e meia da noite de sábado, 27 de janeiro de 1923, a festa começou!

A Festa de Alcides

O Theatro Carlos Gomes lotou, ficou até apertado, estava “à cunha” como expressou um jornalista na época. O governador e sua família estiveram presentes e mais um grande número de políticos que hoje são nomes de ruas e avenidas em Natal. Mas o que valeu mesmo foram as apresentações no palco.

Waldemar de Almeida na juventude – Fonte – Livro – Alberto Maranhão – 100 Anos de Arte e Cultura, do Professor Cláudio Augusto Pinto Galvão.

Nos jornais antigos temos em detalhes a sequência das apresentações, com as obras que foram executadas e seus respectivos autores naquela. O nosso BLOG TOK DE HISTÓRIA, fazendo uso das atuais tecnologias existentes, traz para seus leitores a sequência exata de quase todas as obras que ali foram executadas. Essa é uma interessante oportunidade de compreender que tipo de música os natalenses apreciavam no seu principal teatro, em uma época onde o rádio ainda dava os primeiros passos (e demoraria quase vinte anos para chegar a Natal), a televisão estava engatinhando e a internet não era nem ficção cientifica.

O evento iniciou com a orquestra do teatro sendo conduzida pelo maestro Smido e tocando uma ouverture, ou abertura, intitulada Poète et Paysan, do austríaco Franz von Suppé (1819 – 1895). Essa peça estreou em Viena no ano de 1846, mas após a morte do autor foi transformada em uma opereta em três atos, sendo a sua abertura a mais difundida e tocada.

Após a execução da abertura de Suppé, houve uma “Ligeira sessão literária”. Mesmo sem maiores detalhamentos de como se desenrolou esse momento, sabemos que primeiramente subiu ao palco o Doutor Sebastião Fernandes de Oliveira, então juiz de direito de Ceará-Mirim e diretor do “Centro Polymathico”, que trouxe perante o público natalense os “belletristas” Luís da Câmara Cascudo, José Gabat (sic), Ezequiel Wanderley, Othoniel Menezes, F. Palma, Virgílio Trindade e Jayme Wanderley.

Na sequência houve a 2ª Parte, que começou com Thomaz Babini assumindo a orquestra e Alcides Cicco como barítono. Foi executada com maestria a terceira função da ópera Zazà, do italiano Rugero Leoncavallo (1857 – 1919). A estreia dessa ópera aconteceu no Teatro Lírico de Milão, Itália, em 10 de novembro de 1900 e essa terceira função se chamava Cascart, um cantor de sala de concertos.

A segunda obra da 2ª parte da apresentação foi a Polonais em dó sustenido menor, Opus 26, 1, composta pelo polonês Frédéric Chopin (1810 – 1849). Quem tocou essa obrafoi o jovem pianista Waldemar de Almeida, então com 19 anos e natural da cidade de Macau, Rio Grande do Norte.

Veio então a 3ª Parte, a mais longa, que começou com a peça Air de Ballet, do francês Jules Massenet (1842 – 1912), novamente com a participação da orquestra do teatro, com o maestro Babini na regência.

A segunda obra dessa parte do espetáculo foi Fantaisie-Impromptu, Op. 66, de Frédéric Chopin. Essa foi peça composta em 1834 e publicada postumamente em 1855, sendo uma das composições mais frequentemente executadas e populares de Chopin. Naquela noite de 1923 no nosso teatro, foi o jovem Waldemar de Almeida que a executou ao piano.

Bem, nessa altura das apresentações não dava para deixar de fora algum compositor brasileiro e a escolha foi pelo cearense Alberto Nepomuceno (1864 – 1920). Este foi um compositor, pianista, organista, regente e membro da Academia Brasileira de Música, sendo considerado o “pai” do nacionalismo na música erudita brasileira. Coube a Waldemar de Almeida tocar ao piano o Noctuno, Op. 33.

A última peça a ser tocada foi executada pela orquestra do teatro, sob a regência de Luigi Maria Smido e se chamava Romance em fá. Infelizmente o texto não comentou quem era o autor dessa obra. Talvez o próprio Smido. Nesse caso não encontrei nenhum material em áudio e vídeo que mostrasse a apresentação dessa peça.

Então o evento se encerrou e Alcides Cicco partiu para o Rio de Janeiro. Em poucos anos voltou para a sua terra e seu teatro.

Um Boêmio Bondoso e Tímido

Luís da Câmara Cascudo assim se expressou em uma Acta Diurna Sobre Alcides Cicco, publicada no jornal natalense A República, edição de 20 de junho de 1959. O Professor Claudio Galvão a transcreveu em parte no seu interessante livro Teatro Carlos Gomes – Alberto Maranhão – 100 Anos de Arte e Cultura.

Cascudo o descreveu como modesto, tímido, raras vezes se apresentou em público. Quanto ao seu objetivo artístico, comentou: Preparou-se a vida inteira para ser o que não conseguiu realizar: um artista dramático, um tenor de óperas, de óperas especialmente italianas, Verdi, Puccini, Leoncavallo, Mascagni. Sobre seu trabalho como administrador do Theatro Carlos Gomes, evocava: […] prestou inolvidáveis serviços, batendo-se pela manutenção, trabalhando diretamente na sua conservação. Quantas vezes o vi, de pincel na mão, pintando paredes e gradis, com tinta paga do seu bolso.  

Três anos antes de Alcides Cicco falecer, o escritor Gumercindo Saraiva escreveu uma interessante crônica sobre ele no jornal O Poti, edição de 13 de julho de 1956, que achei mais interessante transcrever na íntegra.

POR QUE ALCIDES NÃO SE CASOU?

Alcides Cicco, antigo diretor do Teatro Carlos Gomes, é figura excêntrica de boêmio da cidade. Vez por outra o encontro num dos bares da Ribeira tomando cerveja e cantando trechos de óperas, com toda força de seus pulmões.

Sempre achei que Alcides deve ser personagem de uma opereta, ou de um desgarrado na vida em um romance de Balzac. Seu tipo físico, bondade, boêmia, sua vida sem ambições e sem pessimismos, tudo nele é estranho e romanesco.

Creio que quase todo mundo sabe por que Alcides não seguiu a sua carreira de cantor lírico. Estudava no Rio e conseguiu uma bolsa de estudos na Itália. Veio a Natal se despedir dos seus parentes. Aqui, uns amigos convidaram-no a dar um passeio em Papari (atual cidade de Nísia Floresta) e comer uns camarões. Pois bem. Ele gostou tanto dos camarões que desistiu para sempre de sua viagem à Europa…

E não se diga que Alcides não tem habilidades que o destacam do comum dos homens. Uma das melhores macarronadas que já comi nesta cidade foi feita por Alcides Cicco em sua própria casa, faz alguns anos. Ele preparou os quitutes com verdadeiro gosto artístico.

Numa roda de amigos João Meira Lima divulgou o motivo por que ainda hoje Alcides Cicco persiste solteirão. Ouviu a história de sua própria boca, num momento de recordações e confidências…

Alcides era jovem e passava uma noite na antiga rua da Palha (atual rua Vigário Bartolomeu, no Centro). Casualmente, viu numa janela uns olhos cintilantes, quase de fogo. Achou-os maravilhosos e sentiu que estava loucamente apaixonado. Todas as noites, infalivelmente, Alcides desfilava pela rua de Palha para contemplar os mais belos olhos de sua vida. Tímido e romântico – foi sempre assim – não tinha coragem de abordar a criatura dos lindos olhos. Afinal, uma noite, tomou umas cervejas, encheu-se de coragem e resolveu enfrentar a dama dos seus sonhos. De longe viu os olhos brilhantes e aproximou-se, quase hipnotizado pelo fogo daquele olhar… Quando chegou em frente á janela – foi a maior decepção de sua vida – ouviu um miado longo e notou que a dona dos olhos de fogo era apenas uma velha gata de estimação… Desde esse dia não quis mais saber de casamento…

Alcides Cicco faleceu por volta das seis da manhã do dia 19 de junho de 1959, de complicações do diabetes. Expirou na antiga residência da família Cicco, no número 190 da Avenida Duque de Caxias, na Ribeira, e que por um verdadeiro milagre ainda se conserva preservada.

Alcides nunca casou, mas criou uma união permanente com a música e o velho teatro de Natal.

GENEALOGIA – A IMPORTÂNCIA DE VOCÊ CONHECER SEUS ANTEPASSADOS

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O princípio de tudo, o básico do básico, é que toda história familiar vale a pena ser pesquisada. Não importa cor, raça, origem, condição social, na minha concepção todos deveríamos buscar a história dos nossos antepassados e assim conhecer mais de nós mesmos.

Todas as pessoas que começam a busca pela sua história familiar, em breve encontram-se em uma fascinante viagem de descoberta que os leva a lugares nunca antes imaginados. Incluindo a possibilidade de visitas terras distantes, aprendizagem da história de sua família e o descobrimento de quem eles realmente eram. 

Baseado no que descobri ao desenvolver três livros biográficos, de quatro que já publiquei, tentarei transmitir como realizo esta viagem emocionante. 

Bem, um antigo provérbio diz que toda jornada começa com um primeiro passo. Na genealogia acredito que o primeiro passo começa com você mesmo. 

Pense na sua genealogia como uma coleção de indivíduos, sendo que um deles é você mesmo, onde cada em um deles existe uma série de eventos de vida facilmente identificados. 

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Estes eventos incluem o óbvio; nascimento, batismo, educação, mudança de lugar, viagens, casamento, serviço militar, emprego, conquistas, derrotas (são importantíssimas em nossas vidas), buscas, morte e sepultamento. Normalmente estes processos são tão importantes em nossas existências, o suficiente para deixarem algum registro, ou evidências de sua existência.

Este é basicamente o material da qual a genealogia é feita.

Pessoalmente começo meus projetos anotando todas as informações que tenho nos eventos das vidas das pessoas que realizo suas biografias e da minha busca pelos meus antepassados.

Isto inclui o registro das informações importantes: quem é a pessoa envolvida, quais foram os principais eventos de sua vida, onde ocorreram, quais as provas que existem que estes eventos realmente aconteceram (qual é a fonte da informação). Estas informações podem ser registradas em uma folha de papel, até em uma foto digital de alta resolução. Mas o importante é registrar!

REUNINDO INFORMAÇÕES 

Quem

Pegue as certidões de nascimento de seus pais. Nelas você encontrará as datas de nascimento e os locais de origem de cada um deles, bem como os nomes de seus avós. De posse de tais informações, escolha o ramo que você irá pesquisar (paterno-paterno, paterno-materno, materno-paterno e materno-materno). Ou seja, a família cuja trajetória você pretende reconstituir e siga-a, sem se desviar do objetivo. O passo seguinte é saber onde nasceu esse avô ou avó que você escolheu. Caso não tenha a certidão de nascimento dele(a), procure saber com alguém da família de onde aquele era natural e vá ao Cartório do Registro Civil da localidade e, pelo nome completo e data aproximada (entre uma geração e outra calcule 25 a 30 anos) tente encontrar o respectivo registro.

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Mas lembre-se: esse caminho só vale para nascimentos após 1891, pois antes dessa data os Cartórios do Registro Civil no Brasil eram pouco utilizados para tal fim. Se esse seu avô ou avó nasceu, bem antes daquele ano, há que procurar na igreja onde aquele(a) foi batizado. Ou na sede do respectivo bispado.

Pessoalmente escrevo o nome completo da pessoa e quaisquer títulos que podem ser relevantes. O nome deve ser escrito exatamente como aparece na fonte da informação.

Ao fazer a pesquisa, é possível que você possa encontrar um nome de família escrito duas ou mais vezes de formas diferentes. Tome nota de qualquer uma destas variações; esta informação pode revelar-se útil em um momento posterior.

Sempre escrevo o nome de uma mulher usando o nome de solteira, nunca o nome de casada, já que esta é a forma como você vai encontrar informações sobre ela antes do seu casamento. Se você só sabe o nome de casada, então escreva o nome da família do cônjuge entre parênteses. Isto poderá servir como uma pista visual que você precisa pesquisar mais a frente no seu trabalho. 

Certidões de casamento e óbito, escritura de terras, testamentos e inventários, passaportes, retratos e cartas de família também podem ser úteis. Examinando-os, muita informação pode ser encontrada. E, como elas as coleções de artigos de jornais de sua cidade e os almanaques históricos e comerciais da região.

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 Examine, pois, esse material com atenção e, se tiver sorte de encontrar alguma pista, siga-a.

O depoimento dos mais velhos, (Avós, tios e primos) também é útil. Muitas vezes eles sabem de nomes, parentescos e acontecimentos da vida da família. Há sempre alguém em toda família, que é mais ligado à história dos seus. Procure-o. Puxe por ele e anote. Sobretudo isto – anote, para não se ver depois, traído(a) pela memória.

Por fim sempre tomo nota de quaisquer apelidos que sua pesquisa pode descobrir e escrevo estes entre aspas. Às vezes um apelido pode servir como uma pista para outras fontes potenciais de informação.

Qual

Procuro identificar um evento importante da forma mais clara possível. Utilizo abreviações padrão para eventos como “N” para o nascimento, ou “BAT” para o batismo, “CAS” para casamento, e por aí vai. 

Se você desenvolver suas próprias abreviaturas para eventos, certifique-se de que alguém que vai ler o seu trabalho daqui a cem anos, vai entender o que você está escrevendo. Consistência na forma como você apresenta o seu trabalho é uma consideração importante.

Onde

Registre o quanto você sabe sobre a localização de um evento particular. Por exemplo, um nascimento pode ter ocorrido em uma fazenda, em uma casa de uma determinada localidade, ou em um hospital. Ao registrar a localização do nascimento, nome do lugar, a vila, distrito, o município, o estado, e até mesmo o país (se necessário), você terá uma trilha a seguir para localizar fontes de informação relacionadas.

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Lembrem-se, na maioria dos lugares do mundo, registros escritos ou registros vitais de eventos podem existir em qualquer um dos níveis acima mencionados. Cada registro pode fornecer uma pista para uma nova peça de informação. Exemplo – Ao se encontrar um registro de um casamento nos arquivos das igrejas de um município em 1845, quase certamente poderá lhe levar logo a um registro de batismo com poucos anos de diferença. Às vezes no mesmo ano. 

Outra coisa importante – Ao realizar uma pesquisa genealógica, procuro aprender o máximo que posso sobre a história de uma comunidade onde um nascimento, ou um evento, pode ter ocorrido. É importante lembrar que os nomes de lugares podem ter mudado ao longo de um período de tempo às vezes nem tão longo assim.

Por exemplo; a atual cidade potiguar de Campo Grande, no Rio Grande do Norte, foi oficialmente criada com esta denominação em 14 de setembro de 1858, pela Lei nº 114. Então, interesses políticos fizeram com que essa Lei fosse derrubada dez anos depois, passando Campo Grande a simples posição de distrito do recém-criado município potiguar de Caraúbas. Dez anos depois, com a promulgação da Lei nº 613, de 30 de março de 1870, o município foi novamente restaurado, mas com a denominação de Triunfo. 33 anos depois, em 28 de agosto de 1903, a Lei nº 192 mudou novamente o nome do município para Augusto Severo, em homenagem ao inventor do dirigível Pax. Quase noventa anos depois, no dia 6 de dezembro de 1991, através da Lei nº 155, o município de Augusto Severo voltou ao seu antigo nome Campo Grande.

Ou seja, em pouco mais de 130 anos esta comunidade passou por duas emancipações políticas e três mudanças de denominações. Em suma, aquele que for pesquisar sua árvore genealógica ligada a região de Campo Grande, vai ter muito mais trabalho se não tiver ciência destas mudanças históricas.

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Se o antepassado que você procura teve determinada profissão, há possibilidade de encontrar algo nos respectivos órgãos de classe (exemplo: Junta de Comércio, se comerciante; Repartições Publicas e Ministérios Militares, na hipótese de ter sido funcionário civil ou militar, etc.) Igual sindicância pode ser feita nas secretarias das escolas e faculdades. Os livros de matriculas trazem filiação, nascimento e colação de grau. 

Irmandades religiosas e Santas Casas de Misericórdia também valem uma visita, se seu avô ou bisavô foi irmão ou benfeitor. E o cemitério local também. Isto mesmo, o cemitério, pois lá estão os livros de enterramento e as certidões de óbito, onde pode estar a informação de que você precisa. 

Mas se seu avô ou bisavô eram estrangeiros, o caminho mais prático para localizar dados sobre eles é o Arquivo Nacional, pois lá estão os processos de entrada no país na época do Império e se a chegada daqueles foi posterior, há que procurar o Ministério da Justiça.

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Existe, ainda, outro recurso que costuma ajudar. Escreva uma carta àqueles que você sabe serem seus parentes distantes e peça-lhes as informações que lhe faltam para estabelecer o parentesco. Carta simples, do tipo circular, em que explique o objetivo de sua pesquisa e peça didaticamente o que lhe interessa (exemplo: os nomes dos pais, avós, bisavós, ou da mulher, filhos e irmãos, ou as datas e locais de nascimento, casamento e óbito ou as respectivas profissões). Mas lembre-se: quanto aos nomes femininos, peça sempre os de solteiro.

Se a família tem um sobrenome pouco comum, ou por ser estrangeiro ou por ter um sobrenome composto (exemplo: Cardoso Fontes, Mata Machado, etc.), dê uma busca no catálogo telefônico de sua cidade e dos locais para onde conste terem ido alguns parentes e despache a sua carta. A tentativa costuma dar resultados.

Quando

Pessoalmente ao escrever datas em uma história familiar, eu adoto o método internacional de entrada de data. Nesta abordagem, você escreve o número para o dia, então a abreviatura de três letras padrão para o mês, e concluir com todos os quatro dígitos para o ano. 

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Assim, 11 de outubro de 1884, ou 11/10/1884/, escrivo como 11/ out/ 1884. Este método na minha concepção elimina a confusão, por exemplo, sobre se é 11 de outubro, ou 10 de novembro, e dá consistência aos meus projetos.

Evidência 

Como você pode coletar informações importantes a partir de uma conversa, de um documento da família, de uma carta preciosa, de uma certidão de nascimento, ou de outro genealogista que trabalhou anteriormente com uma família que tem ligação com a sua história, é fundamental que você arquive, que grave, que registre as suas fontes tão completamente quanto possível. Isto lhe permite mostrar de onde sua evidência vem, organiza seu trabalho e evita a perda de tempo. 

Esta é talvez a parte mais importante, mas na maioria das vezes ignorada, em um projeto de levantamento da história familiar.  A documentação também é necessária para que outros possam julgar a confiabilidade e precisão de seu trabalho. Sempre no início dos meus projetos registro a fonte de uma determinada peça de informação, como uma nota de rodapé a essas informações. Você também deve manter atualizada uma lista de suas fontes que poderiam servir como uma bibliografia para um projeto acabado, como um livro. Pessoalmente, com a existência destas maravilhosas máquinas digitais portáteis, gosto de fotografar todo tipo de documento.

Colocando no Papel a sua Pesquisa 

Agora você está pronto para começar a escrever o que você já sabe, a começar por si mesmo. Na genealogia, há algumas formas que são básicos para o hobby, e é importante que você se familiarize com essas formas primitivas de seu projeto. É sobre estas formas que você vai gravar todas as peças de informação que você recolhe.

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  1. Cartões tipo 3 x 5 podem ser um meio maravilhoso de gravar as informações sobre as pessoas pesquisadas em seu projeto. Acho que pessoalmente ao organizar os dados em cartões, fica mais fácil fazer a transição para um computador, se e quando você decidir fazê-lo. O ponto importante é registrar o máximo de informações que você pode encontrar. 
  2. A árvore genealógica é uma das formas mais facilmente reconhecidas e utilizadas pelos genealogistas. Nesse gráfico você pode mostrar as relações entre várias gerações de uma família e traçar suas origens, seguindo de volta no tempo ao longo de uma linha de família particular. O material mais comum exibe cinco gerações de dados da família em uma única página. Ao preparar sua própria história familiar, você deve colocar a si mesmo como pessoa número um em sua primeira árvore genealógica. Os gráficos em seguida dividem-se em duas partes para mostrar os seus pais, em seguida, na sequencia em quatro partes para mostrar a seus avós, e assim por diante. Este gráfico mostra apenas seus antepassados diretos, aquelas pessoas de quem você descende de sangue. Você vai notar que não há espaço em um gráfico de linhagem para os irmãos, múltiplos casamentos ou ligações familiares sociais. Normalmente estas informações aparecem nos próximos formulários.
  3. O registro de folha de grupo familiar permite que você insira todos os indivíduos ligados a uma família em particular. No site do Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul – INGERS, muito bom por sinal, temos modelos deste documento – http://www.ingers.org.br/Formularios.html
  1. Um registro de pesquisa pode vir a ser a forma mais valiosa de você trabalhar. É aqui que você grava as fontes que consultou e as informações que você estava procurando. Ao ser diligente em trabalhar essa forma, você vai economizar incontáveis ​​horas refazendo seus passos. É aconselhável manter um registro para cada pessoa que você está pesquisando, onde se deve anotar o que você está procurando, onde você olhou e o que você encontrou. 

Embora possa parecer esmagadora em primeiro lugar, logo se torna uma coisa. Anote tudo com um bom lápis (tinta é difícil de apagar), sente-se em um lugar tranquilo e confortável e comece a escrever. Da sua própria memória, escrever todas as informações que você pode recordar sobre si mesmo, seus pais, seus avós, etc.

Você embarcou em uma jornada que pode vir a ser a mais memorável que você já realizadas.

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Fonte – http://www.ingers.org.br/

SITES DE AUXILIO À PESQUISA HISTÓRICA E GENEALÓGICA 

Fonte – http://www.asbrap.org.br/publicac/Links/auxiliopesquisa.htm 

Arquivo Distrital de Vila Real

http://www.advrl.org.pt/documentacao/pesquisa_navv2.html

Registros paroquiais e notariais para consulta on-line.

Arquivo Histórico da Comarca do Rio das Mortes – Minas Gerais

http://www.documenta.ufsj.edu.br/modules/brtbusca/index.php

Processos criminais, inventários, testamentos, processos cíveis, livros de querela, rol dos culpados, livros variados.

Arquivo Público do Estado de São Paulo 

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/viver/recenseando.php

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/livros_estrangeiros.php

Inventários e Testamentos; Censos de população; registros da hospedaria dos imigrantes.

Arquivo Público Mineiro 

http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/

Revista do APM; Censos; Sesmarias.

Arquivo Regional da Ilha da Madeira

http://www.arquivo-madeira.org/item1.php?lang=0&id_channel=19&id_page=242

O site disponibiliza índice de registros de casamentos e batizados.

Biblioteca Nacional

http://www.bn.br/

Neste site, pode-se acessar o catálogo da biblioteca no item “catálogos” ou consultar o acervo digital no link “acervo digital”. Este contém on-line livros, manuscritos, imagens e músicas de interesse histórico.

Cadastro Nacional de Serventias Públicas e Privadas do Brasil

http://portal.mj.gov.br/CartorioInterConsulta/index.html

Site do Ministério da Justiça, contendo endereço, telefone, e-mail  e data de fundação dos cartórios em todo território nacional.

Cartório 24horas 

http://cartorio24horas.com.br/

Utilizado para solicitar certidões em todos os Cartórios do Brasil

Cartórios de Notas de Portugal

http://www.notarios.pt/OrdemNotarios/PT/PrecisoNotario/Antigos+Arquivos/

Neste site da Ordem dos Notários de Portugal consta os endereços dos Cartórios de Notas de Portugal. 

Cedeplar-FACE-UFMG

http://poplin.cedeplar.ufmg.br/

Censos de Minas Gerais na década de 1830. 

Centro de Conhecimento dos Açores 

http://pg.azores.gov.pt/drac/cca/ig/

Registros paroquiais disponíveis para consulta on-line, entre outros.

Centro da História da Família

http://www.familysearch.org/

Site da Igreja Mórmon para busca de famílias e familiares ao redor do mundo.

http://www.familysearch.org/Eng/Library/fhlcatalog/supermainframeset.asp?display=localitysearch&columns=*,180,0

Página de busca da Igreja Mórmon para localização de número de microfilme por lugar e período.

Cognomix Italia

http://www.cognomix.it/mappe-dei-cognomi-italiani.php

Digitando um sobrenome italiano, aparecerá no mapa da Itália a região onde existem famílias com aquele sobrenome.

Dioceses do Brasil 

http://www.brasilcatolico.com.br/DIOCESES/diocesesgerais.asp

Para aqueles que não têm acesso ao Anuário Católico do Brasil, este link pode ser útil. 

Geneall

http://www.geneall.net/

Site que contém informações genealógicas de várias famílias de Portugal e do Brasil. Faz parte do projeto Geneall, com links para sites de genealogia de outros países. 

Geneal Itália

http://www.genealitalia.com/index.html

Registros online.

Genealogia de Famílias Cearenses 

http://www.familiascearenses.com.br/

Site que divulga e disponibiliza para download diversos livros de genealogia  de Famílias Cearenses desde o início de século XVIII. Contém também para download a obra Nobiliarquia Pernambucana de J.V. Borges da Fonseca.

Gens Itália

http://gens.labo.net/it/cognomi/genera.html

Digitando um sobrenome italiano no alto no canto esquerdo, aparecerá no mapa da Itália a região onde existem famílias com aquele sobrenome. 

Imigrantes Italianos

http://www.imigrantesitalianos.com.br/

Site com diversas informações sobre imigrantes italianos no Brasil.

Italian Last Names Maps

http://www.italianames.com/italian-last-names-maps/

Digitando um sobrenome italiano, aparecerá no mapa da Itália a região onde existem famílias com aquele sobrenome.

Projeto Compartilhar

http://www.projetocompartilhar.org/

O objetivo deste site é compartilhar dados e informações encontrados ao longo de pesquisas em documentos primários consultados, acrescidos de documentos oferecidos por colaboradores que se dispõem a partilhar com todos a documentação que levantaram.

Sistema Brasileiro de Museus

http://www.museus.gov.br/SBM/cnm_conhecaosmuseus.htm

Busca endereços de museus.

Site eTombo

http://etombo.com/

Registros paroquiais e civis de Portugal.

Torre do Tombo

http://digitarq.dgarq.gov.pt/

http://ttonline.dgarq.gov.pt/DServe.exe?dsqServer=calm6&dsqApp=Archive&dsqDb=Catalog&dsqCmd=Search.tcl

Página da Torre do Tombo para localizar documentos já disponíveis na rede, em especial mercês e processos do Santo Ofício.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

http://www.tjmg.jus.br/servicos/gj/guia/primeira_instancia/consulta.do?opcConsulta=6&codigoComposto=MG_647

Busca de endereços de fóruns em Minas Gerais 

Universidade Federal de Juiz de Fora

http://www.scribd.com/doc/7294374/Processos-de-Inventarios-No-Arquivo-Da-UFJF

Índice de Processos de Inventários.

Universidade Federal de Viçosa

http://www.lampeh.ufv.br/acervosmg/

Inventários em Mariana MG.

Universidade do Minho

http://www.ghp.ics.uminho.pt/genealogias.html

Genealogias de Portugal e Açores.

Outra dica é ir neste site do Colégio Brasileiro de Genealogia

http://www.cbg.org.br/novo/auxilios-a-pesquisa/onde-pesquisar/