Em 10 de maio de 1944, no meio da Segunda Guerra Mundial, um avião anfíbio PBY-Catalina americano em um voo de rotina de Belém para Recife caiu do céu perto de um pequeno povoado no sertão do Rio Grande do Norte. Todos os dez membros da tripulação, marinheiros dos EUA ligados ao esquadrão de patrulha marítima da Marinha VP-45, morreram no acidente. Residentes locais na área – famílias simples, agricultores pobres e trabalhadores – testemunharam o acidente e foram os primeiros a responder à tragédia. Eles revistaram os destroços, pegaram os restos da tripulação, carregaram-nos de carroça puxada por cavalos e os enterraram no cemitério da cidade de Riachuelo.
Em
10 de maio de 2019 – setenta e cinco anos de hoje – o prefeito de Riachuelo
convidou o cônsul geral John Barrett para a inauguração de uma placa no parque
municipal para lembrar os nomes dos soldados americanos mortos e homenagear a
comunidade que os visitava. ajuda, mesmo na morte. Centenas de residentes da
Riachuelo, representantes do 3º Distrito Naval do Brasil e dignitários
estaduais e locais ouviram as observações do Cônsul Geral: “Os Estados Unidos e
o Brasil compartilham uma parceria robusta baseada em quatro pilares
importantes: parceria econômica, segurança mútua e ideais e valores
democráticos – os mesmos valores de humanidade compartilhada e generosidade que
as pessoas dessa área demonstraram quando vieram em auxílio de uma aeronave
caída dos EUA em 1944. ”
O
evento também destaca os 204 anos de história compartilhada e estreita
cooperação entre o Consulado Geral dos EUA em Recife e no Brasil. Hoje, como
exemplificado pela visita do Presidente Jair Bolsonaro em março ao encontro do
Presidente Trump em Washington D.C., a Missão dos EUA no Brasil está
fortalecendo nossos laços já profundos, expandindo o comércio, o engajamento de
pessoas e a cooperação policial e de segurança.
O
movimento de solidariedade de Riachuelo com os Estados Unidos foi inspirado
pelo trabalho do historiador de Natal Rostand Medeiros que descobriu novos
detalhes do trágico acidente e histórias pessoais de moradores locais enquanto
pesquisava um livro sobre o papel do Rio Grande do Norte na Segunda Guerra
Mundial. Medeiros contou histórias de moradores como Seu Lourenço Filho, que
aos 90 anos é o último testemunho vivo do acidente. Lourenço Filho falou com o
Cônsul Geral com clareza sobre sua memória de ouvir o som estridente dos
motores em perigo e ver a descida final do avião. Os líderes da cidade
homenagearam Lourenço Filho com um lugar de honra na cerimônia cercada pela
família.
Para enfatizar a
importância de preservar nossa história compartilhada para as futuras gerações,
o Cônsul Geral anunciou um concurso de redação, em colaboração com a Secretaria
Municipal de Educação da Riachuelo, para alunos do ensino fundamental e médio
sobre o tema da cerimônia e a rica história da Segunda Guerra Mundial. Os
membros do consulado retornarão em agosto para entregar os prêmios aos vencedores.
A grande base de Parnamirim Field durante a Segunda Guerra Mundial – Fonte – NARA.
Rostand
Medeiros – Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte –
IHGRN
Na tarde da última quinta-feira, 14 de março de 2019,
ocorreu no prédio anexo da Procuradoria do Ministério Público Federal do Rio
Grande do Norte-MPF-RN, através da ação do seu Núcleo de Cidadania e Ambiental,
uma importante e interessante audiência extrajudicial com o objetivo de tratar
de assuntos pertinentes ao resgate, preservação e valorização do patrimônio
histórico existente em Natal e Parnamirim ligados ao período da Segunda Guerra
Mundial.
O Dr. Victor Manoel Mariz, Procurador Federal.
Essa reunião foi provocada pela positiva iniciativa do
amigo Ricardo da Silva Tersuliano, do Instituto dos Amigos do Patrimônio
Histórico e Artístico Cultural e da Cidadania-IAPHACC, que em 29 de agosto do
ano passado deu entrada no MPF-RN com um ofício solicitando a realização de uma
audiência para debater temas ligados ao período da Segunda Guerra Mundial.
Nesse documento, entre outras coisas, Ricardo sugeriu a criação de um
inventário do patrimônio histórico utilizado pelas forças militares
estrangeiras e brasileiras que se encontravam sediadas no Rio Grande do Norte durante
o conflito, a criação de uma possível rota histórico-turística abrangendo essas
edificações, além do tombamento e preservação desse patrimônio.
Em 15 de fevereiro de 2019 recebi um ofício do MPF-RN convidando-me
para participar dessa reunião, fato que me trouxe muita satisfação.
Da esquerda para direita Ricardo Tersuliano do IAPHACC, Leonardo Dantas da Fundação Rampa, o autor desse texto e João Hélio do SEBRAE.
Estiveram presentes o vereador Felipe Alves,
representando a Câmara de Vereadores de Natal, João Hélio Cavalcanti, Diretor
do Serviço de Apoio da Micro e Pequena Empresa do Rio Grande do Norte-SEBRAE,
Leonardo Dantas e Augusto Maranhão como representantes da Fundação Rampa,
Maximiniano Braga representando a Secretaria Municipal de Turismo, Hélio de
Oliveira da Fundação Cultural Capitania das Artes-FUNCARTE, Márcio Alekssander
como representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no
Rio Grande do Norte-IPHAN/RN, os comandantes Henrique Afonso e João Leal Neto
representando o 3º Distrito Naval da Marinha do Brasil, o coronel Tito Tavares
como representante da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército
Brasileiro, o major Cidney Paiva Ribeiro, a 2º tenente Rosa Célia Gonçalves e a
professora Grazielly dos Anjos Fontes representando a ALA-10 da Força Aérea
Brasileira, a Procuradora Estadual Majore Madruga representando a Procuradoria
Geral do Estado, além de Sérgio W. B. Paiva e Harryson Magalhães como
representantes da Fundação José Augusto.
Participantes.
A audiência foi presidida pelo Procurador Federal Victor
Manoel Mariz, que me pareceu uma autoridade do judiciário bastante centrado no
desenvolvimento do seu trabalho, além de interessado e preocupado com as
questões envolvendo o patrimônio histórico potiguar. Fato esse bastante
alvissareiro em uma terra onde eu tenho a impressão que tudo ligado a questões
sobre a sua própria história é tratado de forma irresponsável, desleixada e
secundária por muitas de suas autoridades.
Inicialmente o Dr. Victor Mariz ressaltou que o MPF-RN não pode interferir de maneira abrangente na execução de políticas públicas, mas informou que esse órgão tem a incumbência constitucional de fomentar o debate e instar o Poder Público a adotar medidas voltadas a conferir proteção aos valores históricos e culturais.
Na sequência o Procurador Federal apontou duas questões que para ele estavam bastante claras: a enorme importância histórica da região de Natal e Parnamirim em relação a história da Segunda Guerra Mundial e o descaso do Poder Público no tocante a valorização e ao resgate da memória desses fatos. Finalizou seus apontamentos iniciais comentando que o objetivo daquela reunião era provocar a ação dos atores interessados nesse tema, que permitisse promover o resgate desse patrimônio histórico, bem como sua valorização.
Depois ocorreram várias manifestações dos presentes, das
quais separei as que eu considero as mais relevantes, além da minha própria
manifestação perante o Procurador Federal.
Ricardo Tersuliano, do IAPHACC, comentou que o motivo
que levou a sua instituição a provocar o MPF-RN foi a percepção que Natal e
Parnamirim estão perdendo de maneira célere as suas respectivas identidades
históricas em relação à importância que tiveram durante o período da Segunda
Guerra. Para ele não existe até o presente momento ações concretas destinadas
ao resgate e a preservação desse importante patrimônio histórico.
Já a Procuradora do Estado Majore Madruga comentou que tem visualizado a subutilização do patrimônio histórico do Estado do Rio Grande do Norte, notadamente no âmbito das atividades turísticas. Acrescentou que é preciso conhecer quais das edificações que foram importantes para a época, saber o estado que se encontram e adotar as medidas necessárias para evitar possíveis demolições.
Procuradora do Estado Majore Madruga e o Dr. Victor.
Os representantes da Fundação Rampa Leonardo Dantas e
Augusto Maranhão informaram que essa entidade vem desde 2008 realizando estudos
sobre a Segunda Guerra e promovendo ações como o resgate do passeio de Jeep
realizado por Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt por Natal e ocorrido em
janeiro de 1943. Esse resgate é realizado através de uma interessante encenação
histórica pelas ruas da cidade.
Tripulação de um avião da marinha norte americana do tipo PB4Y-1 LIBERATOR, do esquadrão VPB-107, com base em Natal, Rio Grande do Norte, que patrulhava e caçava submarinos na costa brasileira.
Já João Hélio Cavalcanti, Diretor do Serviço de Apoio da
Micro e Pequena Empresa do Rio Grande do Norte-SEBRAE-RN, informou que esta
entidade está trabalhando há quatro anos na elaboração de um projeto que tem
como tema a importância de Natal no cenário histórico da Segunda Guerra e visa
a criação de uma rota turística, onde tanto a Governadora do Estado quanto o
Prefeito de Natal tem conhecimento desse projeto.
Como escritor, pesquisador e sócio efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte-IHGRN, eu tive a oportunidade de
compartilhar minhas experiências com estudos e pesquisas sobre a Segunda Guerra
Mundial no meu estado.
Aproveitei a ocasião para ressaltar o positivo trabalho
realizado na cidade de Mossoró em relação ao resgate da memória histórica da
resistência cívica, efetuada pela sua população em 1927 contra o ataque do bando
de cangaceiros de Lampião. Apontei a importância das ações em prol desse projeto
e da existência do conhecido Memorial da
Resistência como um local que ajudou e vem ajudando a população mossoroense
a ampliar a percepção relativa a esse episódio e, consequentemente, valorizar a
história da sua cidade.
´Memorial da Resistência, um exemplo de como Mossoró preserva a memória do ataque de Lampião d um exemplo para Natal e Parnamirim.
Como muitos dos presentes afirmaram nessa reunião, eu
também endossei que pouco tem sido feito para resgatar e preservar a memória da
Segunda Guerra em Natal e Parnamirim, um momento histórico tão intenso e
importante dessas duas cidades. Mas na minha fala igualmente eu fiz questão de
enaltecer que é primordial a criação de um memorial da Segunda Guerra Mundial
em Natal. Como vários comentaram nessa reunião, igualmente apontei que
certamente o melhor local para existir esse espaço é o prédio histórico da
Rampa, com a sua utilização sendo administrada pela Fundação Rampa.
Não tenho dúvidas que a existência desse espaço será de
suma importância para ampliar o conhecimento e a própria valorização sobre esse
tema que, mesmo de forma limitada, é referenciado por uma grande parcela da
população potiguar.
Inclusive informei situações e problemas pela não existência
de um local de memória especializado no período da Segunda Guerra no Rio Grande
do Norte e a minha atuação profissional junto ao turismo potiguar. Citei como exemplo
que durante o período de grande fluxo de turistas estrangeiros ao Rio Grande do
Norte, ocorrido entre o final da década de 1990 e início da década seguinte,
quando então desenvolvia atividades laborais como Guia de turismo cadastrado
pela EMBRATUR e atendia visitantes oriundos da Península Ibérica, após relatar com
detalhes as histórias relativas a Segunda Guerra na nossa região, em algumas ocasiões
fui cobrado a apresentar os locais históricos citados, ou algum museu que
mostrasse com detalhes o período. Essas situações me causaram constrangimento
junto a esses turistas, por ter pouco a apresentar e a inexistência de um museu
especializado para a realização de visitas.
Ainda durante a minha fala trouxe para o Dr. Victor
Mariz a informação que em junho de 2015 o Dr. João Batista Machado, então
Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, na época titular da 41ª
Promotoria de Justiça da Comarca de Natal, me solicitou a elaboração de um
relatório preliminar sobre os locais utilizados pelas forças militares
norte-americanas que se encontravam estacionados em Natal durante a Segunda
Guerra Mundial. Como resultado desse relatório o Dr. João Batista decidiu
organizar uma visita a esses locais, o que efetivamente ocorreu no dia 20 de
junho de 2015. Participaram dessa visitação membros do Ministério Público
Estadual, do IAPHACC, outras entidades e convidados.
Convite da 41ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal para a realização das visitas aqui comentadas.
Quando da elaboração do documento apresentado ao
Ministério Público Estadual encontrei na bibliografia e fontes existentes a
referência de 32 locais utilizados em Natal. Mas como o relatório focava nos
pontos utilizados pelos norte-americanos eu listei e detalhei então 17
edificações, as quais foram efetivamente visitadas em 20 de junho de 2015. Quanto
aos outros 15 locais os mesmo não foram visitados por não terem sido inseridos
no relatório, em razão de possuírem utilizações históricas diversas da focada
no objetivo solicitado.
Comprovante da entrega do relatório de 2015.
Por determinação do Dr. Victor Mariz, como uma das
deliberações finais dessa reunião, coube a mim e ao amigo Leonardo Dantas ampliar
o relatório que entreguei ao Ministério Público Estadual em 2015, coletando
todas as informações disponíveis sobre as 32 edificações consideradas
interessantes para a época histórica pesquisada. Isso não impede que outros
locais sejam apontados como importantes para aquele período histórico e sejam
acrescentados a esse novo relatório. Igualmente foi solicitado a outros
representantes das entidades presentes na reunião o cumprimento de outras
deliberações.
“Sobrevoo-Episódios da Segunda Guerra Mundial no Rio Grande do Norte”, meu quinto e mais novo livro, que faz parte da “Coleção A Participação do RN na Segunda Guerra Mundial”, material que contou com o apoio do SEBRAE-RN para sua elaboração, através do Edital Economia Criativa 2018. Esse livros será lançado no dia 2 de abril de 2019, na sede do SEBRAE de Natal, junto com os livros dos amigos Leonardo Dantas e José Correia Torres Neto.
Acredito que essa reunião foi extremamente positiva, bem como positiva é a ideia do MPF-RN de provocar a ação dos atores interessados nesse tema. Talvez os desdobramentos desse momento possam promover o resgate desse patrimônio histórico, bem como sua valorização. Fico na torcida para que tudo funcione corretamente.
No nariz de um PBSY-1 LIBERATOR, em meio a uma pintura de mulher, conhecida como “pin-up art”, o nome da cidade potiguar de Macaíba, escrito na forma antiga.
Entretanto não tenho muitas ilusões sobre uma possível
atuação de maior relevância do Poder Público nesse caso. Apesar desse tema ser
de alta relevância para a história e memória potiguar, devido a continuada omissão
desse mesmo Poder Público, creio que eu tenho direito a não ter ilusões.
Com a entrega das edificações do 3º Distrito Naval, o que será feito com o antigo prédio do Consulado Americano em Natal na época da II Guerra? Virá abaixo?
Autor – Rostand Medeiros
Aqueles que gostam do tema Segunda Guerra Mundial e a participação de Natal neste conflito, creio que sabem que poucos dias após o ataque japonês a Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, a presença militar americana em Natal se tornou intensa.
Em Natal estiveram baseados vários esquadrões da Marinha Americana, equipados com inúmeros modelos de aeronaves como PBY Catalina, Martin Mariner, Consolidated PB4Y (versão naval do B-24), Lockheed Hudson, Blimps (dirigíveis não rígidos) e outros. Milhares de aviões destinados aos vários teatros de operação durante a Guerra passaram por Natal. A capital potiguar foi escolhida por ter uma posição geográfica privilegiada, facilitando deslocamentos para África e Europa. Parnamirim Field era, na década de 1940, uma das maiores bases aéreas estadunidenses em território estrangeiro. Ao fim da guerra, o fato rendeu à capital potiguar o apelido de “Trampolim da Vitória”.
A capital potiguar recebeu um contingente que, para alguns pesquisadores, chegou a alcançar 10.000 soldados Norte-americanos. Este fato mudou radicalmente a até então pequena capital, que à época possuía cerca de 50.000 habitantes. Aqui foi igualmente palco de importantes decisões políticas. O acerto para o envio de tropas brasileiras ao continente europeu foi realizado em Natal no ano de 1943. Para isso, foi necessária a vinda do presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, e o do Brasil, Getúlio Vargas. Os dois circularam pela cidade, reconheceram mais uma vez a posição estratégica do lugar e acordaram como seria a parceria entre o Brasil e o bloco dos Aliados com a ida dos soldados brasileiros para a guerra.
Para representar o governo americano em seus interesses e em meio a toda esta intensa movimentação de seus militares, foi criado em Natal o Consulado do Governo dos Estados Unidos. Você sabe onde ele funcionava?
Segundo nós conta o Professor Itamar de Souza, o traçado atualmente conhecido da Avenida Hermes da Fonseca foi uma obra iniciada em setembro de 1940, durante a gestão do prefeito Gentil Ferreira, e tinha o objetivo de ligar a cidade ao Campo de Parnamirim.
Antiga residência do industrial potiguar João Severiano da Câmara – Fonte – Coleção de Edgar Magno Wanderley Ferreira, https://www.facebook.com
Não sabemos quando esta casa foi construída. Sabemos que ela pertenceu ao industrial João Severiano da Câmara, proprietário da firma exportadora de algodão João Câmara e Irmãos Com. Ltda., com sede a Rua Frei Miguelinho, n° 112, bairro da Ribeira. Sabemos também que foi em fins de 1940 que esta edificação passou a ser utilizada como Consulado Americano em Natal. Conforme podemos ver abaixo, essa informação é baseada nos jornais natalenses “A República” e “A Ordem”, em suas edições de 27 de dezembro de 1940, onde é noticiado que o Interventor Federal Rafael Fernandes Gurjão assina documento reconhecendo o Sr. Elim O’Shaughnessy como Vice-cônsul dos Estados Unidos em Natal. Um ano e meio antes do Brasil declarar guerra a Alemanha e a Itália.
Jornal natalense A República, edição de 27 de dezembro de 1940, página 2.
Durante todo o período da presença das forças militares estadunidenses em Natal, este foi um dos principais locais de sua estrutura de trabalho na cidade. Por lá passaram várias autoridades, como no exemplo da foto abaixo. Nela vemos, de chapéu e terno branco o então Embaixador dos Estados Unidos na União Soviética, o Sr. Joseph E. Davies, que esteve em Natal em setembro, ou outubro, de 1943. Na foto é possível ver parte da antiga estrutura da casa de João Câmara, uma das palmeiras imperiais e o símbolo característico utilizado nas embaixadas e consulados dos Estados Unidos.
De chapéu e terno branco o então Embaixador dos Estados Unidos na União Soviética, o Sr. Joseph E. Davies, que esteve em Natal em setembro, ou outubro, de 1943. Na foto é possível ver parte da antiga estrutura da casa de João Câmara, uma das palmeiras imperiais e o símbolo característico utilizado nas embaixadas e consulados dos Estados Unidos.
Até 1947 os americanos vão utilizar este local como seu consulado oficial em Natal.
Ainda segundo o Prof. Itamar de Souza, em 1958, após a criação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, este imóvel foi adquirido por esta instituição de ensino superior para servir como a primeira sede da reitoria. A partir de 1960 sua área construída foi ampliada.
Com a inauguração do atual Campus Universitário, esta edificação foi vendida para a Marinha do Brasil, que em 15 de junho de 1976 ali instalou o Comando do 3° Distrito Naval.
Em agosto de 2012, conforme noticiado pela imprensa potiguar, o 3° Distrito Naval permutou, por cerca de R$19 milhões de reais, a sua atual sede com a Construtora ECOCIL. A construtora então está construindo uma nova sede desta unidade militar no local onde funcionava o estacionamento da antiga balsa, no Canto do Mangue. Em troca desta construção (e da edificação de uma casa em Fortaleza – CE), a ECOCIL igualmente recebeu da Marinha do Brasil uma casa na Avenida Hermes da Fonseca e outro prédio na Avenida Alexandrino de Alencar.
Não se sabe o destino da antiga sede do Consulado Norte-americano em Natal.
Essa coisa de permutar não está errada, não é ilegal. Sabe-se que a ECOCIL vai construir naquele local alguns edifícios. O que também não tem nada de errado nisso!
Mas existe uma questão nisso tudo!
E o que vão fazer com a parte destas edificações que foram a antiga sede do Consulado Norte-americano de Natal
Vão simplesmente demolir?
Não sabemos o posicionamento da ECOCIL. Mas por ser esta uma empresa de credibilidade, conhecida, com muitos anos de atuação na construção civil no Rio Grande do Norte, esperamos que a mesma tenha uma posição positiva em relação a esta questão.
Não sei se estou certo, mas, caso não tenha sido pensado, talvez uma das soluções fosse que o futuro projeto da empresa ECOCIL contemplasse uma adequação em relação à existência desta casa. Que está numa parte frontal e é relativamente pequena em relação a toda área que eles permutaram com a Marinha do Brasil. Outra situação interessante seria uma reforma para trazer as características desta edificação no tempo da Segunda Guerra.
A participação de Natal durate a Segunda Guerra Mundial é algo muito importante em termos de identidade para o povo desta cidade, entretanto pouco do patrimônio histórico está preservado – Fonte – Getty Images
Em Recife, onde a questão do patrimônio histórico é levada mais a sério e mobiliza a sociedade (Veja o caso do Movimento Ocupe Estelita –http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2015/05/ato-contra-plano-para-o-estelita-dura-5h-e-acaba-em-shopping-do-recife.html), é normal existirem modernos espigões de apartamentos de alto padrão, mantendo na parte frontal do terreno uma antiga e bem conservada vivenda colonial. Normalmente estas casas do século XIX são utilizadas como recepções condominiais e salões de festas.
Mesmo que a área não seja de uso público, o que já não é na atualidade por ser uma área militar, ao menos a edificação se manteria em pé.
É pouco? É verdade!
Mas, diante do que já se perdeu em termos de patrimônio histórico em Natal, talvez seja melhor isso do que a demolição pura e simples deste local!
VEJA TAMBÉM –
22 FOTOS COLORIDAS DOS AMERICANOS EM NATAL DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL